domingo, 29 de dezembro de 2013

Haidy Super Star

Eu tenho uma amiga em Paramaribo. O nome dela é Haidy. 
O nome dela não é uma ficção, é uma bênção, pois ela é a personificação da alegria.
Quando falo com ela "tenho uma coisa pra te contar" então ela começa a rir. É muito legal que existam pessoas assim como a Haidy. 
Vou contar uma coisa pra vocês: A Haidy é uma grande amiga.
Ano passado, quando eu estava coberta de dragões (uma alergia que deu em mim), pois bem... ano passado eu tive uma crise alérgica na casa dela nesta época de Natal e Ano Novo e ela me levou ao Pronto Socorro. Eu toda vermelha. Bom, alguém poderia dizer: Qualquer um faria isso.É verdade! Mas não foi só isso. Ficamos aguardando o médico e durante esse período de espera ela ficou contando umas histórias pra mim. Eu não me lembro mais que histórias foram. O que não esqueço é que ela contava histórias pra me distrair: OLHA O TAMANHO DESTE CORAÇÃO!...
Bom, estamos novamente vivendo esta época de Natal e hoje é o ANIVERSÁRIO dela. Eu tinha que escrever alguma coisa. Eu tinha que re-lembrar que fui tão feliz com meus dragões naquele Pronto Socorro Natalino. Enquanto eu esperava a minha vez de ser atendida, a Haidy contava histórias e eu só pensava na injeção que tomaria.
Natal de 2012. Ano Novo na casa da Haidy só quem esteve com ela poderá afirmar como as bananas que ela cozinhou são gostosas.
Se ela não fosse gente com certeza seria uma ESTRELA e acabaria com a definição de conjunto.
Todas as estrelas não fazem uma constelação perto dela porque não podem superar a luz do seu sorriso. E quem é que sabe de luz e de alegria? Somente quem já matou muitos dragões na madrugada de um Pronto Socorro.
FELIZ ANIVERSÁRIO, MINHA QUERIDA!...
Muitos anos de vida, com saúde e prosperidade.
***
É verdade que todos os dragões sumiram. Mas a saudade ficará pra contar a história de uma menina muito "hermosa".
Haidy, ik hou van je.
Abraços
Luzia Almeida

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Passei!...



UNAMA

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO

PROGRAMA DE MESTRADO EM COMUNICAÇÃO, LINGUAGENS E CULTURA

A Coordenação do Programa de Mestrado em Comunicação, Linguagens e Cultura torna público o nome dos candidatos aprovados no Processo Seletivo, de acordo com o Edital Nº 100/2013, de 10 de outubro de 2013.

NOME
1
Danilo Miranda Caetano
2
Diego Michel Nascimento Bezerra
3
Fábio Colins da Silva
4
Geraldo Bruno Costa de Andrade
5
Helder Fabrício Brito Ribeiro
6
Hellen Cristina Aleixo Azeredo
7
Júlio Cesar Vicari
8
Lucilene Lobato Rodrigues
9
Luzia da Silva Almeida
10
Maria Furtado Amin
11
Maria Jousiele Castro Polon
12
Mauro Brito Ribeiro
13
Milena Silva Castro
14
Mix de Leão Moia
15
Natália Fernandes da Paixão
16
Reliane Pinho de Oliveira
17
Rosecleide Maciel dos Santos
18
Simone Carvalho Oliveira
19
Walmir Nogueira Moraes
20
Wellert Mendes Ribeiro

A matrícula será realizada no período de 03 a 06/02/2013, no horário de 14:00 às 20:00h, no Campus Alcindo Cacela, bloco C, 2º andar.


Belém, 17 de dezembro de 2013.



Ivone Maria Xavier de Amorim Almeida
Coordenadora do Programa de Mestrado em
Comunicação, Linguagens e Cultura
                                                                   ***
Estou demais feliz da conta.
Agradeço a Deus essa vitória:
MUITO OBRIGADA, SENHOR. É A TUA BONDADE QUE ME CONCEDE MAIS ESSA GRAÇA.
BENDITO SEJA O TEU SANTO NOME.
ETERNAMENTE.
Luzia Almeida
 

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Dia de Premiação!...

Dia de festa pra mim que nasci Luzia Almeida.
Dia de festa pra mim que amo poesia daí Luzia & Poesia.
Dia de festa pra mim que amo Literatura por isso fiz Letras e as Artes sempre me acompanharam mas não o suficiente, por isso escrevo, por isso sou feliz. Olha essa graça que eu fiz!...
Ambiguidades à parte. Vamos falar sinceramente:
GENTE, EU TÔ MUITO FELIZ!!!
Risos.
Hoje, com a graça de Deus, recebo meu primeiro prêmio literário em forma de MENÇÃO HONROSA pela obra 
ATRÁS DA COR. Um livro de poemas que ainda será publicado.
Um gostinho de ternura da corda do meu coração em forma de versos para seduzi-los até o dia do lançamento. Aguardo vocês!...
AZUL
Eu era criança e não sabia de nada.
Queria até ser astronauta.
Uma astronauta de ideias
que na face desta vida inspira canções.
Não adianta disfarçar:
Canções se ouvem
com o tímpano do coração.
Eu era criança e já sabia rimar dó ré mi fá.
Canções coloridas de entardecer
que anoitecem fantasias
Aí surgiu o azul multicor
e eu que era ouvinte
virei.
Beija-flor.
***
Luzia Almeida. ATRÁS DA COR. pag. (?)

Beijos pra vocês.
Hoje, na Academia Paraense de Letras, eu toda bonitona com o coração feito purpurina. Água de rio. Peixe dentro d'água.
Às 19h.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

17. Sem sobrenome

     Ele caminha entre os trigais. O sol de abril faz um brilho zangado entre os caminhos. O vento bate e o homem, ao senti-lo, encolhe-se de um frio que é mais sugestão que sentido. Ele levanta os olhos para o sol e concentra-se de novo naquela triste ideia: partir.
     O homem caminha entre os trigais e abril deixou de ser uma canção. Passou a ser uma dor como aquela que ele sentiu pela manhã.
     Ao acordar uma tristeza indizível com anúncios de fatalidade o seduziu. Ele é fraco. Seu caminho: tortuoso. Sua vida: de misérias. Não teve amores. A solidão o persegue e a angústia é sua irmã.
     Deixou sua casa pela manhã para nunca mais voltar. O quadro ficou quase pronto. Os girassóis convidavam o pincel para o ajuste final. O pincel quase trabalhava sozinho para que aquela beleza pudesse nascer. O homem largou o pincel, as tintas ficaram abandonadas. Ele curvou-se na pia para lavar as mãos. Olhou mais uma vez para o quadro inacabado, ...
     (...)
            Luzia Almeida. OS INESQUECÍVEIS. pag. 87

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

16. Depois do sol

     (...)
     Ela olhou pra ele:
     - Não quero ir! Pra onde você quer me levar? Como vou me defender de você?
     - Não! Você tem que se defender de você mesma. Quantas crianças amam você? Somente o amor de uma criança poderá salvá-la de seu destino. Se você for amada por uma criança apenas. Uma criança. Quantas crianças amam você?
     - Mas... Você disse que estou invisível!...
     - Invisível para os adultos. As crianças podem vê-la. E a mim também.
     - Por quê? O que eu fiz? Quem é você?
     - Muitas perguntas!... Muitas perguntas!... Vamos com calma!... Meu nome é Bradumthor. Sou o chefe dos gladiadores do Reino de Zumthara e vim buscá-la para servir Zumthor III, meu rei.
     (...)
             Luzia Almeida. OS INESQUECÍVEIS. pag. 84
                                            ***
     Tem muita gente que gosta desse conto. Eu gosto demais!...

sábado, 30 de novembro de 2013

15. Discurso amoroso

     (...)
     O amor que sinto por ti é brisa suave que movimenta o rio.
     E, se a brisa é suave, é apenas para disfarçar sua força.
     Cada dia eu te amarei nesta condição única e viável para mim, porque se eu não te amar... se eu não te amar Manuel... o que será de mim?!...
     Tu és a própria arte e a poesia que eu sempre quis.
     Tu és sol que me aquece e nem percebes isso... 
     Viver contigo é mais que um privilégio e uma honra, é uma alegria. Alegria que faz cantar meu coração.
     Para ser feliz nesta vida, eu teria que te encontrar. E te encontrar e depois te perder seria como uma noite sem fim: sem lua e sem estrelas. Eu preciso desta claridade própria que a tua vida me conduz.
     Preciso de música e de água... Tu és orquestra e fonte!...
     Eu te amo...
     (...)
              Luzia Almeida. OS INESQUECÍVEIS. pags. 80 e 81
                  

terça-feira, 26 de novembro de 2013

ATRÁS DA COR

Nov 25 em 12:18 PM
RESULTADO DO CONCURSO LITERÁRIO ANUAL DA APL – ANO 2013.
                  Em reunião da Diretoria, realizada no dia 21 de novembro em curso, foram lidos os pareceres do Concurso Literário da APL do ano de 2013, chegando-se aos resultados classificatórios seguintes:

Gênero: Poesia – Prêmio Vespasiano Ramos
MENÇÃO HONROSA:
- LUZIA DA SILVA ALMEIDA, pela obra “ATRÁS DA COR”.
Gênero: Literatura Infanto-Juvenil – Prêmio Rafael Costa
MENÇÃO HONROSA
- ALDALBERTO BRANCO JÚNIOR, pela obra “HISTÓRIA DO “SEU” MINUCA”.
Gênero: Ensaio – Prêmio Carlos Nascimento
Vencedor LUIZ AUGUSTO PINHEIRO LEAL, pela obra “NOSSOS INTELECTUAIS E OS CHEFES DE MANDINGA”.
Gênero Monografia – Prêmio Clovis Meira
Vencedor MARCELO MONTEIRO GABBAY, com o livro “O CARIMBÓ DE SOURE”.
Gênero: Conto – Prêmio Terêncio Porto.
Não houve vencedor.
Gênero: Crônica  Prêmio Antonio Tavernard
Não houve vencedor.

MEDALHA CONDECORATIVA “JOSÉ VERÍSSIMO”: ao Deputado MARCIO MIRANDA, Presidente da Assembléia Legislativa do Estado
do Pará.
BRINDE ACADÊMICO “AMIGO DA ACADEMIA”: ao senhor LUIS
CARLOS PORTELA, Defensor Público do Estado do Pará.
                                                        ***
         Os prêmios serão entregues na Sessão Especial de Confraternização Natalina da APL, que ocorrerá no dia 13 de dezembro do corrente ano, às 19 horas, na Sede Social da entidade. 
                                                          ***
Desta maneira, meus queridos, EU ESTOU NUM ESTADO DE ENCANTAMENTO que não dá pra explicar. Como explicar tanta felicidade?!...
Abraços
Luzia da Silva Almeida


sábado, 23 de novembro de 2013

14. Uma manhã para Raquel

          Uma vez eu li o conto "Venha ver o pôr-do-sol" da Lygia Fagundes Telles. Pra quê?!... Fiquei refém do Ricardo.
          O doidelo do Ricardo deixou a Raquel presa num cemitério abandonado e eu fiquei tão agoniada com a situação da moça que enquanto eu não a libertei, não sosseguei.
          Agora, que ela está liberta,  ofereço-lhe este café da manhã para comemorar sua liberdade.
          E por falar em comemoração:
          GANHEI MEU PRIMEIRO PRÊMIO LITERÁRIO.
Na Academia Paraense de Letras na categoria poesia. ATRÁS DA COR é o nome do meu terceiro livro.
          Agradeço a todos que acreditaram no meu trabalho e desejo muito sucesso também àqueles que amam a Literatura.
          Um beijo.
          Luzia Almeida
                                               ***
O Conto UMA MANHÃ PARA RAQUEL encontra-se em 
OS INESQUECÍVEIS  na página 73 e vai até a página 76.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

13. Nos versos da casa


          Quando Domingos chegou do trabalho, a casa o recebeu com amizade, eram companheiros. É certo que ele teria algum tempo pra encontrar o coração dela. Mas, por enquanto, ele já poderia traçar seu projeto de felicidade.
          A casa era grande e bem dividida. Tinha um jardinzinho na frente e um quintal atrás. "Casa de mulher", ele sorriu com esse pensamento.
          Domingos estava feliz com esta compra. Um preço muito bom. Os donos anteriores ṕrecisavam viajar e anunciaram a venda nos jornais. Ele leu e como estava com esperanças de casar com Fernanda, comprou. Mas Fernanda terminou o noivado...
(...)
       Luzia Almeida. OS INESQUECÍVEIS. pg.68

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

12. Procura-se Romeu

          (...)
          Eu amei ainda mais minha avó por isso e porque ela soube honrar meu avô, um homem que ela nem amava. Eu iria perguntar agora pelo poeta, mas a dor dela era visível.
          Quando o domingo chegou, minha avó chegou primeiro ao baú. Eu a vi com o velho caderno na mão e chorando o seu amor, o seu verdadeiro amor. Eu saí dali bem devagarinho porque a dor dela era insuportável pra mim que a amava tanto.
          Acho uma injustiça isso que fizeram com minha avó. Por isso resolvi procurar o poeta. Minha mãe disse que ele nunca casou. Que sempre viveu apaixonado por ela, compondo poemas. Mas já faz um tempo que ninguém tem notícias dele. Não me importo, vou procurá-lo. Vou trazê-lo de volta. E apesar da idade acho que eles têm o direito a esse encontro e são donos de suas vidas. No dia do encontro deles, farei minha avó muito bonita e darei a ela um vestido vermelho porque ela merece. Ah, ela merece.
                                              ***
                         Luzia Almeida. OS INESQUECÍVEIS. pag. 67
                                              ***
Este conto focaliza a história de uma mulher que foi impedida de casar com quem amava. Nesta época existia o famoso casamento arrumado e minha "Julieta" foi vítima de um casamento assim. Bom, o que fazer se não podemos casar com quem amamos? O que fazer se a vida da gente se faz muralha e nos impede de ver o arco-íris amoroso? O que fazer?!...
Conheci pessoas com esse problema e tenho comigo o vestido vermelho que seria da minha avó. Quem quer???
Abraços
Luzia Almeida

 

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

11. A bailarina

          (...)
          Ela iria  desistir. Seus olhos brilhavam com tonalidades melancólicas, com anúncios de sentimentos profundos como as ondas do mar que batem nas pedras sem compaixão; vivo como o vermelho das rosas e misterioso como a lua que os espiava naquela noite de abril.
          Então ele a olhou espantado. Perdido de si mesmo e encontrado naqueles olhos tristes que, como uma dança de venturas, convocavam seu coração. Perdido que estava, continuou: calmo, cativo e para sempre poeta. Encontrado e perdido no ballet triste dos olhos dela.
                                                   ***
                        Luzia Almeida. OS INESQUECÍVEIS. pag. 64
                                                   ***
Você encontra Os Inesquecíveis na
Livraria NEWSTIME no Parque Shopping.
Abraços
e BOA LEITURA!...

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

10. Uma hora de vida

          (...)
          Voltar a casa, ela não voltaria. As marcas nos braços e no rosto protestavam contra este retorno. Marcas que se cristalizavam no coração dela. A afeição pelo marido se transformou em rancor. Mas, e quando ele voltasse do trabalho? É certo que deixou o jantar pronto. Mas, e amanhã? Quem faria o almoço dele? Como ele reagiria? Maria teria coragem de abandonar o marido? De abandonar a casa? O marido era seu carrasco e a casa, sua prisão.
          (...)
          As pessoas já estavam entrando no ônibus. A senhora ainda a aguardava. Ela agradeceu aquela gentileza e espantada perguntou ao moço que horas seriam. O moço respondeu:
          - São quinze e quarenta e cinco. Hoje ele sai no horário.
          Ela espantou-se e olhou para o seu relógio.
          Estava parado.
          Maria pegou sua mala e entrou no ônibus. Agora, sentada e acomodada, a lembrança do anel não magoava tanto e ainda havia o vento no rosto dela. Ficou olhando a paisagem e voltou a pensar no tempo em que era feliz em sua cidade natal.
                                              ***
Luzia Almeida. OS INESQUECÍVEIS. pags. 60 e 63.
                                              ***
O ENEM está chegando e o tema "VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER é bem possível. Se for, não esqueçam de colocar uma proposta de solução para o problema que vai deste a reconstrução da sociedade via família até programas e campanhas educacionais que possibilitem a visão da mulher como pessoa, como ser humano. 
Todos os possíveis temas passam pelos DIREITOS HUMANOS. Não esqueçam! E boa prova.
Abraços
Luzia Almeida

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

9. Dia Neutro

         (...) O coração abriga alegria e pranto e isto configura exatamente o princípio humano, a sua complexidade, o sentimento. O misto de alegria e tristeza bancado pela necessidade da emoção e da dor. Entende-se a alma humana. Mistério e devoção comungando efeitos opostos. Assim encontrava-se a felicidade e com ela a dor.
          Ela sabia disso e por isso chorava.
          (...)
          Ele pegou a mão dela e beijou. Beijou várias vezes a mão que o acariciava com seus escritos.
          Ela sorriu satisfeita. E encantada daquele amor disse:
          - Ontem sonhei contigo. Mas não era a tua imagem querida... Sabia que eras tu, mas não via o teu rosto.
          Ele sorriu e a abraçou. Ela disse:
          - Por favor, não me deixe. Eu morreria...
          Ficaram abraçados naquela aventura finita e passional.
          Ela era uma mulher poderosa, mas perto dele não passava de uma menina. Ele era louco por ela e, portanto, apenas um menino. Fingiam equilíbrio emocional naquele dia neutro feito pra eles.
          O sol ia sumindo. O dia acabaria. A noite era o último estágio e eles sabiam disso. Ela quis chorar, mas ele não deixou. Liberto da máscara, ele escndalizou ideias de bem querer:
          - Eu te adoro!
          Agora era o mar profundo nos olhos dela. 
          (...)
                                            *** 
           Luzia Almeida. OS INESQUECÍVEIS. pags. 58 e 59.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

8. Morceguinho

          (...)         
          Morceguinho era ladrão e assassino, mas gostava de gatos. Ele era louco por animais. Não podia ver um gato que ficava chamando "bichano, bichano". Se visse alguém maltratando um gato era capaz de dar um tiro. Um gato era um bicho melindroso na concepção dele. Um ser humano não era nada pra ele. Ele mesmo se pensava sem valor. O que ele era? Ele era somente um filho sem mãe e sem pai. O pai passava longe dele e fazia de conta que não o via.
          (...)
          O investigador ficou olhando pra ele. Um quadro desolador: grades e paredes imundas. Um fedor de urina insuportável. Morceguinho sentado encostado na parede com os joelhos bem junto ao rosto. Sujo até a raiz do cabelo. A cabeça baixa e de vez em quando um soluço sentido, um soluço que falava de uma mágoa antiga, dolorida. Os outros presos tinham conseguido um indulto e tinham ido pra casa e mais outros tinham descido à penitenciária.
          (...) 
          O investigador não estava mais aguentando e se perguntava: "Meu Deus, o que é que eu tô fazendo hoje, aqui? Por que não aproveitei o feriado?"
          (...)
                 Luzia Almeida. OS INESQUECÍVEIS. pags. 53 a 56
                                                ...
          Só a Conceição pra barrar este conto!...
          Somente a tragédia da Conceição é mais triste que a história do Morceguinho. Gente!... Eu mesma fico chocada com o meu Morceguinho. Porque, se você parar pra pensar, poderá responder: O que seria do Morceguinho? Abandonado pelo pai, pela mãe. Ficou com a avó que morreu. Ficou com o avô alcoolatra que não gostava dele. Sim. Pergunto outra vez: O que seria do Morceguinho?
          Meu personagem é uma vítima do descaso social. Muitos morcegos por aí saídos desta fábrica chamada sexo casual. Desta fábrica que brinca com filhos no mundo.
          Um império de Indiferença. Começando em casa (sem amor) e terminando no crime (com ardor). Não quero de maneira alguma justificar os crimes do Morceguinho. Quero mostrar COMO e de ONDE vem tantos morcegos. Entenderam? 
          Uma vez visitei uma delegacia em Breves. Vi muitos morcegos que super-lotavam uma cela. Um deles me pediu um remédio pra dor de dente: meu coração se partiu.
          Muita tristeza. Muita sujeira. Muito abandono e nenhuma esperança, quer dizer, levei a Luz pra eles. Mas, eu não tinha nenhum remédio pra dor de dente.
          Abraços
          Luzia Almeida

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

7. Conceição

          (...)
          Na segunda-feira ele perguntava:
          - O que foi esse machucado no teu olho?
          E ela respondia tristemente:
          - Tu me bateste de novo. - e chorava baixinho pra vizinha não escutar.
          Ele se desculpava e prometia não bater mais. Dizia que ia parar de beber. Toda segunda-feira era dia de promessa.
           (...)
          Os poemas de Conceição era exatamente seu relacionamento com a Lua, sua identificação e seus projetos de felicidade que ela considerava correr atrás do vento. O poema preferido dela era:
          Lua & Vento
          A lua
          Quando fica debruçada na janela da noite,
          Vê as meninas nas calçadas
          Pensativa fica.
          A lua é outro eu impossível...
          É móvel sem que se note,
          É versátil sem que se sinta.
          Coroa flores,
          Manipula amores.
          A lua é o sol disfarçado,
          As estradas que o digam.
          Vejo agora a lua
          Que não sou eu
          Que não é de ninguém.
          As meninas das calçadas
          Agora correm atrás do vento...

          A lua é o vento.
          (...)
                Luzia Almeida. OS INESQUECÍVEIS. pags. 49 a 51.
                                                ***
Quero registrar a minha total indignação contra esta situação que assola o Brasil e o mundo: a violência contra a mulher.
Quando, na sala de aula, eu toco neste assunto, sempre pergunto aos alunos: Vocês sabem por que o homem bate em mulher? Eles ficam esperando a resposta. Eu digo:
SIMPLESMENTE PORQUE ELE É MAIS FORTE. E sem nenhum caráter. Ou seja: uma tonelada de covardia e ausência total de dignidade.
Faz tempo que a sociedade brasileira perdeu seus valores:
A Lei Maria da Penha não dá conta desta epidemia. Talvez,
quem sabe... viesse por aí a Lei Maria da Montanha. Uma montanha toda azul que abrigasse as mulheres e as deixasse  bem longe de seus agressores. Sabemos que uma montanha assim é pura mágica. Então... quem sabe... se não seria o caso de pensarmos numa Educação voltada aos Valores Sociais, Morais e Espirituais? Quem sabe?
Abraços
                  Luzia Almeida  

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

6. Vestido branco

          (...)
          Agora, no quarto, ela olhava o vestido que estava em cima da cama. Vestido de cambraia branca com bordado inglês. Ela ficou sentada na cama passando a mão no vestido e naquela pureza que gritava transparências. Um lindo vestido de donzela.
          A lembrança de Luiz e toda a sua repulsa por ele. Seu ódio cristalizado... e chega a madrinha com este vestido branco e vem o padre com essa história de "paz com todos". Mas não era só a madrinha e o padre. Ela tinha decorado um versículo bíblico. Um versículo do livro de Hebreus. Ela conhecia aquele texto de cor e salteado: "Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor."
          (...)
                         Luzia Almeida. OS INESQUECÍVEIS. pag. 44
                                                    ...
          Gosto demais deste conto porque ele é fruto de um conto (O vôo da primeira pedra) muio interessante que li. Eis um trecho dele:
          (...)
          "Não se deve olhar os pecados dos outros. O que está dito na humanidade de um erro, as faltas de todas as gentes. A ninguém é digno atirar a primeira pedra, mas Atanásio, por esses dias, não dorme em paz. Por um relâmpago em seus olhos, um calar de palavras, um consentimento, corrompeu-se. E isso está matando esse homem. Quisera ele voltar o tempo. Com seus braços fazer a roda do mundo girar em sentido anti-horário. Três dias atrás, se as mesmas horas voltassem, Atanásio redimiria sua culpa. Exato, sem nenhuma hesitação, um acerto:
          - Não, Dona Constância, a senhora já me pagou."
          (...)
                                  Daniel Leite. INVISIBILIDADES pag.17
                                                   ...
          Os fragmentos dos contos apresentados revelam a condição humana, o erro, o pecado e como os personagens sofrem com suas falhas (ou humanidades). Qundo lemos, aprendemos a partir da ótica do outro, de suas ideias que, por vezes, convencem-nos ou  fazem-nos pensar sobre aspectos interessantes do comportamento humano. No meu caso, além de pensar, gosto de escrever sobre esse convencimento ou uma possivel rejeição de ideia.
          Convencimento ou rejeição? É conferir!..
          Abraços
          Luzia Almeida
         

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

5. Mundo sem flores

          Verônica tinha um problema: ela não via flores. Mas, num mundo globalizado, informatizado. Num mundo tecnológico, quem se importaria com isso?
          - Eu me importo! - disse Lídia - eu me importo muito! Não podemos deixá-la fora desta excursão só por isso! Ela não vê flores e daí?!
          Lídia defendia a amiga com unhas e dentes:
          - Verônica tem o direito de ir com a gente!
          Diana rebatia:
          - Ei, Lídia, ela não é normal. É deficiente.
          (...)
       Luzia Almeida. OS INESQUECÍVEIS. pag. 36
                                  ***
          Infelizmente o bullying é real. E Verônica representa, no conto, a vítima desta tragédia.
          Não é possível que alguém maltrate ou desrespeite o ser humano por causa de deficiência ou de cor ou de nível social ou de aparência ou de religião etc.
          É inaceitável que alguém esqueça sua própria humanidade e pense em si próprio como o dono do universo. O melhor de todos. Somos naturalmente o que somos. É a reunião de todos que faz a sociedade. Se alguém pensar que é melhor que os outros deve, sinceramente, morar em Marte porque, com certeza, não tem norte. Não tem princípios, não tem valores. 
          NÃO SERVE PRA VIVER EM SOCIEDADE!
                                                    Luzia Almeida

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

4. Pacto de prata

          (...)
          Ela olhou pra ele e disse:
          - Vamos fazer um pacto!
          - Um pacto?!
          - É. Um pacto. Daqui a dez anos ainda estaremos juntos...
          - Essas coisas não funcionam assim.
          - É verdade. Então assim. Daqui a dez anos vamos ver o que a vida fez de nós.
          - Agora está melhor.
          - Que dia é hoje?
          - Seis de setembro.
          - Então daqui a dez anos. No dia seis de setembro, véspera do feriado, embaixo desta castanheira marcada, vamos ver...
          (...)
                     Luzia Almeida. OS INESQUECÍVEIS. pag. 30
***
          Alguns alunos ficaram revoltados comigo. Leram o conto e não gostaram do final. Eu disse pra eles: "A vida é assim!... Nem sempre as coisas dão certo. O importante é continuar vivendo e aprendendo. E de tudo extrair um pouco de beleza e emoção.
***
Não esqueçam:
OS INESQUECÍVEIS estão no Pátio Belém (livraria Newstime), Parque Shopping (livraria Newstime) e Colégio SOPHOS. 
 

sábado, 21 de setembro de 2013

Vinte Anos!...

Minha filha!...
Tu és linda como o romper da manhã.
Como a rosa
que ao despertar
sorri assustada com o dia.
E se ela sorrir
é pura simpatia
porque todos os dias 
são pra fazê-la feliz.
Minha filha!...
Meus encantos!...
Toda doçura que tens hoje
consiste na minha felicidade.
A tua felicidade 
é a mesma minha.
Toda
a minha vida é pra te fazer feliz.
Porque és
botão de Luzia
que veio
alegrar meu coração.
Dizer que te amo
é pouco
são palavras tão pequenas.
Por isso vou dizer várias vezes
toda a vida
te amo, te amo, te amo, te amo...
DEMAIS!...
***
Luzia Almeida
Hoje é o aniversário da Marcinha
ela reuniu os amigos e os familiares em casa
tem torta de morango, floresta negra, vatapá...
  


segunda-feira, 16 de setembro de 2013

3. El Dani e os meninos da esquina

          Daniel, quando criança, queria ser super-herói. Ele seria grande de qualquer maneira, pois se importava com os outros. Sofria a dor dos outros. E desenhava um escudo com seu nome, mas diferente do Homem-Aranha e do Super-Homem. Sua infância foi marcada com escudos no caderno. Escudos com o nome do Super-herói que ele seria: El Dani. Um Daniel quebrado de trás pra frente. Herói quebrado, mas herói. Morava numa invasão, a maior da América Latina. Ficou El Dani pra todo mundo. Estudante de Ciências Sociais. Uma figura!
          Ele ficou muito preocupado quando viu o Betinho na esquina. Logo o Betinho, um garoto novo que não conhecia o Virado.
(...)
                       Luzia Almeida. OS INESQUECÍVEIS. pag. 25
***
          Às vezes precisamos desesperadamente de um herói para nos tirar de alguma dificuldade. Foi desta maneira que o escritor DANIEL LEITE se tornou meu herói (risos). Foi com um prefácio que ele se tornou uma pessoa inesquecível. Porque não foi somente um prefácio, ou melhor, o prefácio feito. Foi todo um incentivo ao meu trabalho literário. Eu não era ninguém, agora sou escritora.
          Eu tinha acabado de conhecer o Daniel. E ele topou escrever meu prefácio.
          "... uma querida amiga com umas palavras minhas sobre o teu livro. Sim, mas, olha, (...): escreverei o teu prefácio não porque és minha amiga, mas, sim, porque acredito no teu trabalho."
                                                           (Daniel Leite)
          Eu chorei quando recebi o prefácio, porque naquele momento era impossível não chorar de alegria.
          Foi por isso que escrevi este conto. Uma pequena homenagem ao grande escritor DANIEL LEITE.
Abraços
 ***
Daniel,
Muita pureza e paz no teu coração.
E SUCESSO!...

E mais uma vez quero dizer:
MUITO OBRIGADA!...
                                    Luzia Almeida
Próximo conto: Pacto de prata