sábado, 24 de outubro de 2015

ENEM 2015


Meu querido aluno...
O ENEM chegou e também aquele friozinho na barriga. Não fique nervoso! Você estudou bastante e não se esqueça de que vocês fizeram muitas leituras, muitas mesmo. É verdade que nunca o texto estava bom e sempre aquela história de refazer, é assim mesmo pra todo mundo. Agora, fique esperto com a prova de REDAÇÃO. Não esqueça o que já vimos:
1. A apresentação da sua redação é fundamental: a sua letra tem que ser legível. Escreva sem borrar, observe a margem e não deixe uma linha em branco entre os parágrafos.
2. Leia com atenção o comando pra não escrever o que não te pediram. Leia com cuidado e não "ache" que eles querem que você escreva sobre isso. Você tem que saber o tema com certeza.
3. Na introdução apresente o assunto e se posicione (os temas exigem de você um posicionamento), mas não tenha pressa em desenvolver logo. Isso somente nos parágrafos seguintes.
4. No desenvolvimento você terá que fundamentar suas ideias e isso com os recursos que nós vimos: a citação, o exemplo, a comparação, a definição, a enumeração...
5. Com relação à citação: faça a memorização hoje à noite de umas três e isso já será um ganho pra você.
6. Na conclusão escreva sua proposta de intervenção: isso vale ponto. Em algumas questões somente uma SINERGIA, lembra?
7. Não esqueça os verbos da regência: não use a preposição "em" depois do verbo implicar (t.d.).
8. Não use gírias, nem termos coloquiais "tipo assim". Não esqueça que sua linguagem precisa ser culta.
9. Não diga que fulano ou fulana precisa se "conscientizar".
10. Se o assunto for DROGAS, cuidado! Não experimente nem escrevendo sobre isso!...
                                SUCESSO, meu querido!
Todo o conhecimento é ouro e o ENEM é a sua Serra Pelada.

Um grande abraço da professora que está torcendo por você.
                                                 Luzia Almeida

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Ser professora...

... não é fácil!
Vou contar pra vocês umas histórias de sala de aula:
Primeira história:
Era uma turma da noite, do ensino médio. Eu lembro benzinho que cheguei com um texto sobre violência contra a mulher. Eu cheguei, dei "Boa noite" à turma (turma boa, tranquila) e comecei falando sobre a sociedade brasileira... isso tudo para introduzir o assunto. Então eu falei: "Hoje vamos tratar da questão da violência contra a mulher e eu iria começar a distribuir uma cópia de um artigo da revista Veja. Como disse "Eu iria distribuir o material" porque uma aluna que estava sentada bem na primeira fila me chamou e disse bem baixinho só pra eu ouvir: "Professora, por favor, não toque nesse assunto." Eu percebi no rosto dela as questões que eu iria tratar. Não deu. Pensei "E agora?" Agora seria o plano B e pra quem tem todo o alfabeto na memória isso, claro, não foi difícil.
Segunda história:
Também à noite, o texto era meu, um conto : CHOCOLATE AMARGO, do meu segundo livro. Tema: pedofilia. A aluna me deixou ler o texto, mas depois na hora do debate ela disse "Professora, fui abusada com 11 anos". Eu fiquei num estado de nervo com aquela verdade monstruosa que não mais sabia dar andamento à aula. Mas, fui... como vocês já sabem: o alfabeto é meu!
Terceira História:
Um palavrão escrito na parede da sala de aula, toda aula e o palavrão lá. Toda aula, toda aula. Até que um dia eu falei qualquer coisa sobre aquela imundície escrita na parede e alguém falou: "Foi fulana!" E fulana estava na sala. Eu disse: "O quê? Você escreveu isso na parede?!" A fulana ficou toda sem graça e assim confirmou que tinha sido ela mesma. Eu disse: "Vá pegar água e sabão e vá já, já lavar toda essa sujeira!" Ela foi e lavou. As aulas seguintes sem palavrão foram bem melhores.
Agora chega de histórias tristes!...
Eu não estava na sala de aula, estava na secretaria e uma aluna estava lá também fazendo não sei o quê. Ela me viu e disse meio sem graça: "A senhora se lembra daquela noite... a senhora disse umas palavras... Eu fiquei olhando pra ela, pensando "que noite? que palavras? Ela continuou: "Eu ia fazer uma coisa errada, mas a senhora disse aquilo e eu não fiz mais..." Eu olhei pra ela e sorri. Às vezes, a gente banca a mãe em sala de aula e dá certo. Esse sentimento de simpatia pelo aluno é algo tão grande que, combinado com as palavras certas, surte efeito que só algumas vezes ficamos sabendo. As outras vezes não nos pertence, mas esse exemplo pra mim é um incentivo para tentar botar juízo numas cabecinhas de vento. 
NÃO DISISTIR É PRECISO!
São muitas as histórias. O que me tem feito pensar muito no meu comportamento é no modo como sou vista pelos meus alunos. O Samuel bate continência quando eu passo e o Rafael me chama de mãe e pede a bênção. Todas as vezes que me vê ele diz "Bença, mãe" e eu digo "Deus te abençoe" e eu fico nesta fronteira: entre a continência e palavra. Isso é ser professora. E as fronteiras falam sobre este público diverso.
Agora: 
Vou contar a mais linda de todas. Toda aula é uma luta e um dragão que tenho que matar e se mato o dragão da preguiça, do descaso e da indisciplina eu me fortaleço nessa sempre luta diária e se a turma fosse homogênea eu estaria perdida. Não estou. A turma é heterogênea: dragão morto e vejo pela sala alguns sorrisos daqueles que serão os futuros profissionais e que vêem na figura da professora a bússola para o sucesso. Então eu afio a lança e que venham todos os dragões do mundo que eu não tenho medo!
                                                   ***
Luzia da Silva Almeida
Meu carinho e respeito a todos os professores da minha vida: da Escola Municipal República de Portugal à Universidade da Amazônia - Unama. 
Meu carinho e respeito aos meus colegas professores da Escola Regina Coeli Souza e Silva e aos meus colegas do Mestrado 2014 da UNAMA.
Meu carinho e respeito às minhas irmãs Lilian da Silva Almeida e Heloisa Helena Almeida Mendes. À amiga Christiane Menezes Oliveira que, como eu, lutam as mesmas lutas e que, com certeza, têm muitas histórias pra contar:
MUITO AZUL E MUITAS FLORES PRA VOCÊS!