sábado, 31 de maio de 2014

O Abraço

Hoje, o meu dia está assim... LINDO!...
Porque hoje é dia de festa, quer dizer, é noite de festa, 
NOITE DE AUTÓGRAFO.
Se minha mãe estivesse aqui comigo eu diria a ela:
"Mãe, eu puxei pra senhora, eu amo Literatura".
Eu também diria: "Mãe, muito obrigada pelas leituras que a senhora me deu desce que eu era pequena, leituras com o Pato Donald, com o Tio Patinhas, com o Zé Carioca com toda essa galera que me fez amar as Letras. Mãe, muito obrigada pelo bê-a-ba que me fez hoje uma escritora no Hangar, na XVIII Feira Pan-Amazônica do Livro, eu... eu... que estudei a vida toda em escola pública (República de Portugal, Cornélio de Barros, Lauro Sodré, Pedro Amazonas Pedroso) e poucos livros tinha pra ler. Queria ler mais e não tinha livros, quem tinha era a Socorrinho e ela emprestava pra mim e pra Lili. Mãe, sem saber, a senhora formou muito mais que uma leitora, a senhora formou a escritora que chora de saudade da senhora que infelizmente não está mais aqui para que eu possa abraçá-la".
Não posso e isso arrebenta com o meu coração. E as lágrimas não dão conta de tanta solidão.
Gente, é isso!...
Toda vez que eu me apresento como escritora, eu fico nessa situação de abandono. Minha mão pega a caneta para autografar os livros, mas não pode mais alcançá-la. Não é fácil essa minha lida de escritora.
Mas...
Tenho muitos amores que me curtem. Vou abraçá-los hoje com muita alegria e satisfação.
Beijo pra vocês!...

Luzia Almeida

Hoje às 19h.
Hangar, na XVIII Feira Pan-Amazônica do Livro. 
NO ESTANDE DOS ESCRITORES PARAENSES.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Ethos Russo

"Todo ato de tomar a palavra implica a construção de uma imagem de si. Não é necessário que o locutor faça seu auto-retrato, detalhe suas qualidades nem mesmo fale explicitamente de si."
SEU ESTILO:
SUAS CRENÇAS IMPLÍCITAS:
 SUAS COMPETÊNCIAS LINGUÍSTICAS E LITERÁRIAS
 
     Quando penso em Dostoiévski quase sou feliz. Vê-lo?!... Seria a realização de um sonho... desses que guardamos apenas por teimosia, porque Dostoiévski é uma paisagem que faz com que a Terra seja um local habitável. E, sendo assim, posso caminhar na areia da praia esperando o entardecer sem pressa e sem medo.

     Quando leio Dostoiévski sou feliz porque o Sol deixou de ser uma ideia e passou a ser música que embala meus olhos. Sinestesia de vida. Sou feliz nesta condição humana que remete a conquistas seculares: mitos, mistérios, apropriações de sentidos que conjugados conspiram encantamentos em proporções gráficas lineares que percorro com os olhos numa audiência de páginas infinitas. Páginas, tantas páginas até encontrar Raskolnikov e, ao encontrá-lo, entendo a complexidade humana. Mosaico de beleza e dor. Fronteira entre razão e consciência: o crime na forma mais humana possível. Uma degradação quase aceitável nesta dialética russa capaz de me fazer esquecer o Brasil. Saudades da Rússia!...

     Quando leio Dostoiévski a metonímia abandona sua essência porque não substitui a Ponte que percorro com meu amado. Mãos dadas. São Petersburgo se tornou real, prende-me, acolhe-me. Metáfora verdadeira: sou platéia pura, toda crente, toda olhos, toda emoção. Frio que me aquece é puro paradoxo de identidade.

     O escritor não desmente sua natureza clássica. É nobre, é vivo e encanta muito além desta filosofia pós-moderna. Era fragmentada e torpe. Ele, na sua generosidade, deixou-me uma herança chamada Literatura. Aliança perfeita entre nós. 

     QUANDO é o que tenho hoje para abrigar os verbos pensar e ler. Quando penso em Dostoiévski corro e pego o livro. Ler é o que tenho. Ethos russo que me embriaga nesta cadência sonora. Sua presença é o próprio logos configurado em romance. Assim, é possível que uma lágrima seja testemunha dessa emoção chamada leitura: lógica de pathos. 

     Ler Dostoiévski é maior que a Terra e o Sol. É Metonímia de vida flagrada nestas linhas onde minha identidade se espalha. Ternura cognitiva.

     Quando penso, quando leio Dostoiévski: Existo!
    
                                                  Luzia Almeida

sábado, 17 de maio de 2014

2. O Ethos na Argumentação

     A unidade na obra Rétorica de Aristóteles parece problemática no momento em que sugere à Lógica e à Dialética - que tratam especificamente da argumentação e da persuasão - trata também de provas que fogem destes fatores, como o pathos (que se refere à plateia) e o ethos (que se refere ao orador).
     "o ethos ou caráter apropriado a cada tipo de discurso que o orador deve se preocupar em projetoar."
     "e o pathos, ou conjunto de emoções que o orador tenta suscitar em seu auditório."  
     O problema consiste a partir da ideia de que o ethos e o pathos não pertencerem à ordem argumentativa, porque são provas à parte do discurso. Como podemos notar, nem o ethos nem o pathos são constituidos por proposições (argumentos) ou crenças. Percebe-se assim que "não" participam do domínio argumentativo-cognitivo. Será? Vejamos:
                                       NÃO BEBA!
      Podemos considerar um homem que bebeu demais numa festa. Então um cavalheiro argumenta tentando convencê-lo racionalmente a parar de beber. O homem responde: "vou parar no próximo copo!". Essa resposta indica que houve um fracasso no logos (na argumentação) não produziu a ação desejada por razões independentes de sua força de persuasão. Mas, se considerarmos um cavalheiro com o caráter mais decidido ou com uma postura mais ameaçadora, poderemos conceber um outro resultado, um resultado satisfatório uma vez que a ordem estaria pautada principalmente em quem(ethos) diz e como(pathos) diz e não apenas o que se diz (logos). Nesse sentido, podemos afirmar que a argumentação fracassou. E o ethos que é a prova do orador poderia apresentar resultado positivo.
     Um outro exemplo pode ser apresentado para pensarmos na capacidade que o ser humano tem de convencer pessoas de seus sentimentos. Dizer "eu te amo" é prático, mas não brinca com as ideias e não cria imagens. O importante é a imagem do amor que pode ser representada a partir do discurso. Uma imagem de quem ama capturada no logos. Então vejamos: 
                               HAIDY IN CONCERT 
 Definir uma rosa
não seria uma coisa simples,
porque uma rosa é muito mais que uma flor.
E uma pessoa, então!...
Definir uma pessoa que nasceu feito música
e em si congrega ainda a criança-flor
é extremamente difícil,
mas, ainda assim, 
vou tentar definir minha amiga Haidy
aproveitando estes elementos.
Talvez eu consiga traduzir 
o sentimento que me ocorre.
Vejamos uma criança:
Pense numa criança
lançando muitas rosas vermelhas ao espaço,
depois pense nestas rosas vermelhas
 se transformando 
em borboletas azuis.
Estas borboletas podem subir muito alto 
mas não podem passar das nuvens
pois ao alcançá-las se transformam em notas musicais.
Pronto!
Um concerto de sorrisos. 
Música red-blue para quem ama.
As nuvens podem comportar tanta sonoridade,
mas de repente arrebenta-se uma saudade da criança
que ficou olhando pro céu.
 Isso!...
A Haidy 
é este pensamento de retorno
 aos braços da criança.
***
MUITO OBRIGADA!...

quinta-feira, 15 de maio de 2014

1. Ethos Aristotélico

 
     1. O ethos aristotélico

     A obra de Aristóteles conhecida como Ética a Nicômaco apresenta a FELICIDADE a partir de uma noção moral ou ética daí o termo ETHOS:
 "Em sendo a virtude de duas espécies: uma dianoética e outra ética; a dianoética, ademais se gera e acresce por via do ensinamento, e nem por isso necessita de experiência e de tempo; ao invés, a virtude ética provém do hábito (ethos: donde também o seu nome). 
      O Discurso apresenta três provas de sua confiabilidade: logos, pathos e ethos. O Ethos é considerado por Aristóteles como a frente mais importante:
      *Logos: o uso da razão e do raciocínio, quer indutivo ou dedutivo, para a construção de um argumento. Os apelos ao logos incluem recorrer à objetividade, estatística, matemática, lógica (por exemplo, quando um anúncio afirma que o seu produto é 37% mais eficaz do que a concorrência, está fazendo um apelo lógico); o raciocínio indutivo utiliza exemplos (históricos, míticos ou hipotéticos) para tirar conclusões; o raciocínio dedutivo usa geralmente proposições aceites para extrair conclusões específicas. Argumentos logicamente inconsistentes ou enganadores chamam-se falácias. 
     *Pathos: o uso de apelos emocionais para alterar o julgamento do público. Pode ser feito através de metáforas e outras figuras de retórica, da amplificação, ao contar uma história ou apresentar o tema de uma forma que evoca fortes emoções na platéia. Nas campanhas políticas pode-se perceber nos abraços dos políticos, nos apertos de mãos, nos sorrisos quando os políticos em campanha fazem gravações com o povo e assim procuram apresentar uma imagem simples de homem comum que se identifica com o povo.
     *Ethos: é a forma como o orador convence o público de que está qualificado para falar sobre o assunto, como o seu caráter ou autoridade podem influenciar a audiência. Pode ser feito de várias maneiras: por ser uma figura notável no domínio em causa ou por ser relacionado com o tema em questão.                         
       "Para Aristóteles, como para toda Antiguidade, os temas e o estilo escolhidos devem ser apropriados ao ethos do orador, a saber, ao seu tipo social."

      "De acordo com Heine (2011), o pensamento romano baseava-se nas ideias de Quintiliano e Cícero, famosos oradores da época, para os quais a reputação de um homem pesa mais do que suas palavras. No entanto, conforme a autora, é o pensamento grego e não o romano que lança as bases para a construção teórica da noção de ethos nos estudos linguísticos.                     
     "Entretanto como o ethos é mostrado no discurso? Dissemos é o segundo critério - que se mostra nas escolhas efetuadas pelo orador. Para Dominique Maingueneau, essas escolhas dizem respeito sobretudo à sua "maneira de se exprimir", portanto, ao plano da expressão."

     Os oradores inspiram confiança:
     (a) se seus argumentos e conselhos são sábios e razoáveis,
     (b) se argumentam honesta e sinceramente, e
     (c) se são solidários e amáveis com seus ouvintes.

     As três razões para inspirar confiança e suas traduções:
a) phrónesis - phrónimos
    razão - razoável
b) areté - epieikés/spoudaios
    virtude - honesto/sincero
c) eúnoia - eúnous
    benevolência - solidário

A virtude é definida na Ética a Nicômaco, como uma 
                              JUSTA MEDIDA
covardia               coragem                     temeridade
avareza                generosidade             prodigalidade
E(1)                       M                                E(2)
falta                      meio                           excesso
                             virtude

2. O ethos diante do logos e do pathos

     "O ethos constitui praticamente a mais importante das provas" do discurso.
     Aristóteles introduz as três "peças de convicção" a partir de um triângulo pragmático em que distingue o orador, o ouvinte e o discurso:
     "As provas fornecidas pelo discurso são de três espécies: a primeira encontra-se no ethos do orador, a segunda, no fato de colocar o ouvinte em certa disposição, a terceira, no próprio discurso (logos), uma vez que ele demonstra ou parece demonstrar."

     Aristóteles pode dizer que a retórica é uma espécie de "ramificaçãoda dialética e da ética", o que leva a distinguir dois blocos de convicção:
LOGOS                            ETHOS
inferencial          habitus-virtude-caráter
raciocínio                        PATHOS
argumentação               paixão, afeto 

3. O ethos na pragmática moderna

     O ethos como problemática e campo de pesquisa específicos está praticamente ausente da pragmática linguística.