quinta-feira, 15 de maio de 2014

1. Ethos Aristotélico

 
     1. O ethos aristotélico

     A obra de Aristóteles conhecida como Ética a Nicômaco apresenta a FELICIDADE a partir de uma noção moral ou ética daí o termo ETHOS:
 "Em sendo a virtude de duas espécies: uma dianoética e outra ética; a dianoética, ademais se gera e acresce por via do ensinamento, e nem por isso necessita de experiência e de tempo; ao invés, a virtude ética provém do hábito (ethos: donde também o seu nome). 
      O Discurso apresenta três provas de sua confiabilidade: logos, pathos e ethos. O Ethos é considerado por Aristóteles como a frente mais importante:
      *Logos: o uso da razão e do raciocínio, quer indutivo ou dedutivo, para a construção de um argumento. Os apelos ao logos incluem recorrer à objetividade, estatística, matemática, lógica (por exemplo, quando um anúncio afirma que o seu produto é 37% mais eficaz do que a concorrência, está fazendo um apelo lógico); o raciocínio indutivo utiliza exemplos (históricos, míticos ou hipotéticos) para tirar conclusões; o raciocínio dedutivo usa geralmente proposições aceites para extrair conclusões específicas. Argumentos logicamente inconsistentes ou enganadores chamam-se falácias. 
     *Pathos: o uso de apelos emocionais para alterar o julgamento do público. Pode ser feito através de metáforas e outras figuras de retórica, da amplificação, ao contar uma história ou apresentar o tema de uma forma que evoca fortes emoções na platéia. Nas campanhas políticas pode-se perceber nos abraços dos políticos, nos apertos de mãos, nos sorrisos quando os políticos em campanha fazem gravações com o povo e assim procuram apresentar uma imagem simples de homem comum que se identifica com o povo.
     *Ethos: é a forma como o orador convence o público de que está qualificado para falar sobre o assunto, como o seu caráter ou autoridade podem influenciar a audiência. Pode ser feito de várias maneiras: por ser uma figura notável no domínio em causa ou por ser relacionado com o tema em questão.                         
       "Para Aristóteles, como para toda Antiguidade, os temas e o estilo escolhidos devem ser apropriados ao ethos do orador, a saber, ao seu tipo social."

      "De acordo com Heine (2011), o pensamento romano baseava-se nas ideias de Quintiliano e Cícero, famosos oradores da época, para os quais a reputação de um homem pesa mais do que suas palavras. No entanto, conforme a autora, é o pensamento grego e não o romano que lança as bases para a construção teórica da noção de ethos nos estudos linguísticos.                     
     "Entretanto como o ethos é mostrado no discurso? Dissemos é o segundo critério - que se mostra nas escolhas efetuadas pelo orador. Para Dominique Maingueneau, essas escolhas dizem respeito sobretudo à sua "maneira de se exprimir", portanto, ao plano da expressão."

     Os oradores inspiram confiança:
     (a) se seus argumentos e conselhos são sábios e razoáveis,
     (b) se argumentam honesta e sinceramente, e
     (c) se são solidários e amáveis com seus ouvintes.

     As três razões para inspirar confiança e suas traduções:
a) phrónesis - phrónimos
    razão - razoável
b) areté - epieikés/spoudaios
    virtude - honesto/sincero
c) eúnoia - eúnous
    benevolência - solidário

A virtude é definida na Ética a Nicômaco, como uma 
                              JUSTA MEDIDA
covardia               coragem                     temeridade
avareza                generosidade             prodigalidade
E(1)                       M                                E(2)
falta                      meio                           excesso
                             virtude

2. O ethos diante do logos e do pathos

     "O ethos constitui praticamente a mais importante das provas" do discurso.
     Aristóteles introduz as três "peças de convicção" a partir de um triângulo pragmático em que distingue o orador, o ouvinte e o discurso:
     "As provas fornecidas pelo discurso são de três espécies: a primeira encontra-se no ethos do orador, a segunda, no fato de colocar o ouvinte em certa disposição, a terceira, no próprio discurso (logos), uma vez que ele demonstra ou parece demonstrar."

     Aristóteles pode dizer que a retórica é uma espécie de "ramificaçãoda dialética e da ética", o que leva a distinguir dois blocos de convicção:
LOGOS                            ETHOS
inferencial          habitus-virtude-caráter
raciocínio                        PATHOS
argumentação               paixão, afeto 

3. O ethos na pragmática moderna

     O ethos como problemática e campo de pesquisa específicos está praticamente ausente da pragmática linguística. 
   
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário