1. O ethos aristotélico
A obra de Aristóteles conhecida como Ética a Nicômaco apresenta a FELICIDADE a partir de uma noção moral ou ética daí o termo ETHOS:
"Em sendo a virtude de duas espécies: uma dianoética e outra ética; a dianoética, ademais se gera e acresce por via do ensinamento, e nem por isso necessita de experiência e de tempo; ao invés, a virtude ética provém do hábito (ethos: donde também o seu nome).
O Discurso apresenta três provas de sua confiabilidade: logos, pathos e ethos. O Ethos é considerado por Aristóteles como a frente mais importante:
*Logos: o uso da razão
e do raciocínio, quer indutivo ou dedutivo, para a construção de um
argumento. Os apelos ao logos incluem recorrer à objetividade,
estatística, matemática, lógica
(por exemplo, quando um anúncio afirma que o seu produto é 37% mais
eficaz do que a concorrência, está fazendo um apelo lógico); o raciocínio indutivo utiliza exemplos (históricos, míticos ou hipotéticos) para tirar conclusões; o raciocínio dedutivo
usa geralmente proposições aceites para extrair conclusões específicas.
Argumentos logicamente inconsistentes ou enganadores chamam-se falácias.
*Pathos: o uso de apelos emocionais para alterar o julgamento do público. Pode ser feito através de metáforas e outras figuras de retórica, da amplificação, ao contar uma história ou apresentar o tema de uma forma que evoca fortes emoções na platéia. Nas campanhas políticas pode-se perceber nos abraços dos políticos, nos apertos de mãos, nos sorrisos quando os políticos em campanha fazem gravações com o povo e assim procuram apresentar uma imagem simples de homem comum que se identifica com o povo.
*Ethos: é a forma como o orador convence o público de que está qualificado para falar sobre o assunto, como o seu caráter ou autoridade
podem influenciar a audiência. Pode ser feito de várias maneiras: por
ser uma figura notável no domínio em causa ou por ser relacionado com o tema em questão.
"De acordo com Heine (2011), o pensamento romano baseava-se nas ideias de Quintiliano e Cícero, famosos oradores da época, para os quais a reputação de um homem pesa mais do que suas palavras. No entanto, conforme a autora, é o pensamento grego e não o romano que lança as bases para a construção teórica da noção de ethos nos estudos linguísticos.
"Entretanto como o ethos é mostrado no discurso? Dissemos é o segundo critério - que se mostra nas escolhas efetuadas pelo orador. Para Dominique Maingueneau, essas escolhas dizem respeito sobretudo à sua "maneira de se exprimir", portanto, ao plano da expressão."
Os oradores inspiram confiança:
(a) se seus argumentos e conselhos são sábios e razoáveis,
(b) se argumentam honesta e sinceramente, e
(c) se são solidários e amáveis com seus ouvintes.
As três razões para inspirar confiança e suas traduções:
a) phrónesis - phrónimos
razão - razoável
b) areté - epieikés/spoudaios
virtude - honesto/sincero
c) eúnoia - eúnous
benevolência - solidário
A virtude é definida na Ética a Nicômaco, como uma
JUSTA MEDIDA
covardia coragem temeridade
avareza generosidade prodigalidade
E(1) M E(2)
falta meio excesso
virtude
2. O ethos diante do logos e do pathos
"O ethos constitui praticamente a mais importante das provas" do discurso.
Aristóteles introduz as três "peças de convicção" a partir de um triângulo pragmático em que distingue o orador, o ouvinte e o discurso:
"As provas fornecidas pelo discurso são de três espécies: a primeira encontra-se no ethos do orador, a segunda, no fato de colocar o ouvinte em certa disposição, a terceira, no próprio discurso (logos), uma vez que ele demonstra ou parece demonstrar."
Aristóteles pode dizer que a retórica é uma espécie de "ramificaçãoda dialética e da ética", o que leva a distinguir dois blocos de convicção:
LOGOS ETHOS
inferencial habitus-virtude-caráter
raciocínio PATHOS
argumentação paixão, afeto
3. O ethos na pragmática moderna
O ethos como problemática e campo de pesquisa específicos está praticamente ausente da pragmática linguística.
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