LÍNGUA PORTUGUESA
Professora: LUZIA ALMEIDA
COMPETÊNCIA
DE ÁREA 5
Analisar,
interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos
com seus contextos, mediante a natureza, função, organização, estrutura das
manifestações de acordo com as condições de produção e recepção.
HB 15 –
Estabelecer relações entre o texto literário e o momento histórico de sua
produção, situando aspectos do contexto histórico, social e político.
Enem 2020 – Caderno 3 – Questão 43
— O senhor pensa que
eu tenho alguma fábrica de dinheiro? (O diretor diz essas coisas a ele, mas
olha para todos como quem quer dar uma explicação a todos. Todas as caras
sorriem.) Quando seu filho esteve doente, eu o ajudei como pude. Não me peça
mais nada. Não me encarregue de pagar as suas contas: já tenho as minhas, e é o
que me basta... (Risos.)
O diretor tem o rosto escanhoado, a camisa limpa. A palavra
possui um tom educado, de pessoa que convive com gente inteligente, causeuse. O
rosto do Dr. Rist resplandece, vermelho e glabro. Um que outro tem os olhos no
chão, a atitude discreta.
Naziazeno espera que ele lhe dê as costas, vá reatar a
palestra interrompida, aquelas observações sobre a questão social, comunismo e
integralismo.
MACHADO, D. Os ratos. São Paulo: Círculo do Livro, s/d.
A ficção modernista explorou tipos humanos em
situação de conflito social. No fragmento do romancista gaúcho, esse
conflito revela a
A) sujeição moral amplificada pela pobreza.
B) crise econômica em expansão nas cidades.
C) falta de diálogo entre patrões e empregados.
D) perspicácia marcada pela formação intelectual.
E) tensão política gerada pelas ideologias vigentes.
HB 17 –
Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes
no patrimônio literário nacional.
Enem 2020 – Caderno 3 – Questão 16
A vida às vezes é como um jogo brincado na rua: estamos no
último minuto de uma brincadeira bem quente e não sabemos que a qualquer
momento pode chegar um mais velho a avisar que a brincadeira já acabou e está
na hora de jantar. A vida afinal acontece muito de repente — nunca ninguém nos
avisou que aquele era mesmo o último Carnaval da Vitória. O Carnaval também
chegava sempre de repente. Nós, as crianças, vivíamos num tempo fora do tempo,
sem nunca sabermos dos calendários de verdade. [...] O “dia da véspera do
Carnaval”, como dizia a avó Nhé, era dia de confusão com roupas e pinturas a
serem preparadas, sonhadas e inventadas. Mas quando acontecia era um dia
rápido, porque os dias mágicos passam depressa deixando marcas fundas na nossa
memória, que alguns chamam também de coração.
ONDJAKI. Os da minha rua. Rio de Janeiro: Língua Geral,
2007.
As significações afetivas engendradas no fragmento
pressupõem o reconhecimento da
A) perspectiva infantil assumida pela voz narrativa.
B) suspensão da linearidade temporal da narração.
C) tentativa de materializar lembranças da infância.
D) incidência da memória sobre as imagens narradas.
E) alternância entre impressões subjetivas e relatos
factuais.
Enem 2020 – Caderno 3 – Questão 21
TEXTO I
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol
É peroba-do-campo, é o nó da madeira
Caingá, candeia, é o
matita-pereira
TOM JOBIM. Águas de
março. O Tom de Jobim e o tal de João Bosco (disco de bolso). Salvador: Zen
Produtora, 1972 (fragmento).
TEXTO II
A inspiração súbita e certeira do compositor serve ainda de
exemplo do lema antigo: nada vem do nada. Para ninguém, nem mesmo para Tom
Jobim. Duas fontes são razoavelmente conhecidas. A primeira é o poema O caçador
de esmeraldas, do mestre parnasiano Olavo Bilac: “Foi em março, ao findar da
chuva, quase à entrada/ do outono, quando a terra em sede requeimada/ bebera
longamente as águas da estação [...]”. E a outra é um ponto de macumba, gravado
com sucesso por J. B. Carvalho, do Conjunto Tupi: “É pau, é pedra, é seixo
miúdo, roda a baiana por cima de tudo”. Combinar Olavo Bilac e macumba já seria
bom; mas o que se vê em Águas de março vai muito além: tudo se transforma numa
outra coisa e numa outra música, que recompõem o mundo para nós.
NESTROVSKI, A. O samba mais bonito do mundo. In: Três
canções de Tom Jobim. São Paulo: Cosac Naify, 2004.
Ao situar a composição no panorama cultural brasileiro, o
Texto II destaca o(a)
A) diálogo que a letra da canção estabelece com diferentes
tradições da cultura nacional.
B) singularidade com que o compositor converte referências
eruditas em populares.
C) caráter inovador com que o compositor concebe o processo
de criação artística.
D) relativização que a letra da canção promove na concepção
tradicional de originalidade.
E) resgate que a letra da canção promove de obras pouco conhecidas
pelo público no país.
COMPETÊNCIA
DE ÁREA 6
Compreender e
usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização
cognitiva da realidade pela constituição de significados, expressão,
comunicação e informação.
HB 18 – identificar
os elementos que concorrem para a progressão e para a organização e
estruturação de textos de diferentes gêneros e tipos.
Enem 2020 – Caderno 3 – Questão 13
Mulher tem coração clinicamente partido após morte de
cachorro
Como explica o The New England Journal of Medicine, a
paciente, chamada Joanie Simpson, tinha sinais de infarto, como dores no peito
e pressão alta, e apresentava problemas nas artérias coronárias. Ao fazerem um
ecocardiograma, os médicos encontraram o problema: cardiomiopatia de Takotsubo,
conhecida como síndrome do coração partido.
Essa condição médica tipicamente acontece com mulheres em
fase pós-menstrual e pode ser precedida por um evento muito estressante ou
emotivo. Nesses casos, o coração apresenta um movimento discinético transitório
da parede anterior do ventrículo esquerdo, com acentuação da cinética da base
ventricular, de acordo com um artigo médico brasileiro que relata um caso
semelhante. Simpson foi encaminhada para casa após dois dias e passou a tomar
medicamentos regulares.
Ao Washington Post, ela contou que estava quase inconsolável
após a perda do seu animal de estimação, um cão da raça yorkshire terrier.
Recuperada após cerca de um ano, ela diz que não abrirá mão de ter um animal de
estimação porque aprecia a companhia e o amor que os cachorros dão aos humanos.
O caso aconteceu em Houston, nos Estados Unidos.
Disponível em: https://exame.abril.com.br. Acesso em: 1 dez.
2017.
Pelas características do texto lido, que trata das
consequências da perda de um animal de estimação, considera-se que ele se
enquadra no gênero
A) conto, pois exibe a história de vida de Joanie Simpson.
B) depoimento, pois expõe o sofrimento da dona do animal.
C) reportagem, pois discute cientificamente a cardiomiopatia.
D) relato, pois narra um fato estressante vivido pela
paciente.
E) notícia, pois divulga fatos sobre a síndrome do coração
partido.
HB 19 –
Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações específicas
de interlocução.
Enem 2020 - Caderno 3 - Questão 24
Vou-me embora p’ra Pasárgada foi o poema de mais longa
gestação em toda a minha obra. Vi pela primeira vez esse nome Pasárgada quando
tinha os meus dezesseis anos e foi num autor grego. [...] Esse nome de
Pasárgada, que significa “campo dos persas” ou “tesouro dos persas”, suscitou
na minha imaginação uma paisagem fabulosa, um país de delícias, como o de
L’invitation au Voyage, de Baudelaire. Mais de vinte anos depois, quando eu
morava só na minha casa da Rua do Curvelo, num momento de fundo desânimo, da
mais aguda sensação de tudo o que eu não tinha feito em minha vida por motivo
da doença, saltou-me de súbito do subconsciente este grito estapafúrdio:
“Vou-me embora p’ra Pasárgada!” Senti na redondilha a primeira célula de um
poema, e tentei realizá-lo, mas fracassei. Alguns anos depois, em idênticas
circunstâncias de desalento e tédio, me ocorreu o mesmo desabafo de evasão da
“vida besta”. Desta vez o poema saiu sem esforço como se já estivesse pronto
dentro de mim. Gosto desse poema porque vejo nele, em escorço, toda a minha
vida; [...] Não sou arquiteto, como meu pai desejava, não fiz nenhuma casa, mas
reconstruí e “não de uma forma imperfeita neste mundo de aparências”, uma
cidade ilustre, que hoje não é mais a Pasárgada de Ciro, e sim a “minha”
Pasárgada.
BANDEIRA, M. Itinerário de Pasárgada. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira; Brasília: INL, 1984.
Os processos de interação comunicativa preveem a presença
ativa de múltiplos elementos da comunicação, entre os quais se destacam as
funções da linguagem. Nesse fragmento, a função da linguagem predominante é a
A) emotiva, porque o poeta
expõe os sentimentos de angústia que o levaram à criação poética.
B) referencial, porque o
texto informa sobre a origem do nome empregado em um famoso poema de Bandeira.
C) metalinguística, porque o poeta tece comentários
sobre a gênese e o processo de escrita de um de seus poemas.
D) poética, porque o texto aborda os elementos
estéticos de um dos poemas mais conhecidos de Bandeira.
E) apelativa, porque o poeta tenta convencer os
leitores sobre sua dificuldade de compor um poema.