sábado, 23 de outubro de 2021

Linguagens e Códigos e suas Tecnologias


 LÍNGUA PORTUGUESA

Professora: LUZIA ALMEIDA

COMPETÊNCIA DE ÁREA 5

Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante a natureza, função, organização, estrutura das manifestações de acordo com as condições de produção e recepção.

HB 15 – Estabelecer relações entre o texto literário e o momento histórico de sua produção, situando aspectos do contexto histórico, social e político.

Enem 2020 – Caderno 3 – Questão 43

 — O senhor pensa que eu tenho alguma fábrica de dinheiro? (O diretor diz essas coisas a ele, mas olha para todos como quem quer dar uma explicação a todos. Todas as caras sorriem.) Quando seu filho esteve doente, eu o ajudei como pude. Não me peça mais nada. Não me encarregue de pagar as suas contas: já tenho as minhas, e é o que me basta... (Risos.)

O diretor tem o rosto escanhoado, a camisa limpa. A palavra possui um tom educado, de pessoa que convive com gente inteligente, causeuse. O rosto do Dr. Rist resplandece, vermelho e glabro. Um que outro tem os olhos no chão, a atitude discreta.

Naziazeno espera que ele lhe dê as costas, vá reatar a palestra interrompida, aquelas observações sobre a questão social, comunismo e integralismo.

MACHADO, D. Os ratos. São Paulo: Círculo do Livro, s/d.

A ficção modernista explorou tipos humanos em situação de conflito social. No fragmento do romancista gaúcho, esse conflito revela a

A) sujeição moral amplificada pela pobreza.

B) crise econômica em expansão nas cidades.

C) falta de diálogo entre patrões e empregados.

D) perspicácia marcada pela formação intelectual.

E) tensão política gerada pelas ideologias vigentes.

HB 17 – Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário nacional.

Enem 2020 – Caderno 3 – Questão 16

A vida às vezes é como um jogo brincado na rua: estamos no último minuto de uma brincadeira bem quente e não sabemos que a qualquer momento pode chegar um mais velho a avisar que a brincadeira já acabou e está na hora de jantar. A vida afinal acontece muito de repente — nunca ninguém nos avisou que aquele era mesmo o último Carnaval da Vitória. O Carnaval também chegava sempre de repente. Nós, as crianças, vivíamos num tempo fora do tempo, sem nunca sabermos dos calendários de verdade. [...] O “dia da véspera do Carnaval”, como dizia a avó Nhé, era dia de confusão com roupas e pinturas a serem preparadas, sonhadas e inventadas. Mas quando acontecia era um dia rápido, porque os dias mágicos passam depressa deixando marcas fundas na nossa memória, que alguns chamam também de coração.

ONDJAKI. Os da minha rua. Rio de Janeiro: Língua Geral, 2007.

As significações afetivas engendradas no fragmento pressupõem o reconhecimento da

A) perspectiva infantil assumida pela voz narrativa.

B) suspensão da linearidade temporal da narração.

C) tentativa de materializar lembranças da infância.

D) incidência da memória sobre as imagens narradas.

E) alternância entre impressões subjetivas e relatos factuais.

Enem 2020 – Caderno 3 – Questão 21

TEXTO I

 É pau, é pedra, é o fim do caminho

 É um resto de toco, é um pouco sozinho

 É um caco de vidro, é a vida, é o sol

 É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol

 É peroba-do-campo, é o nó da madeira

 Caingá, candeia, é o matita-pereira

 TOM JOBIM. Águas de março. O Tom de Jobim e o tal de João Bosco (disco de bolso). Salvador: Zen Produtora, 1972 (fragmento).

TEXTO II

A inspiração súbita e certeira do compositor serve ainda de exemplo do lema antigo: nada vem do nada. Para ninguém, nem mesmo para Tom Jobim. Duas fontes são razoavelmente conhecidas. A primeira é o poema O caçador de esmeraldas, do mestre parnasiano Olavo Bilac: “Foi em março, ao findar da chuva, quase à entrada/ do outono, quando a terra em sede requeimada/ bebera longamente as águas da estação [...]”. E a outra é um ponto de macumba, gravado com sucesso por J. B. Carvalho, do Conjunto Tupi: “É pau, é pedra, é seixo miúdo, roda a baiana por cima de tudo”. Combinar Olavo Bilac e macumba já seria bom; mas o que se vê em Águas de março vai muito além: tudo se transforma numa outra coisa e numa outra música, que recompõem o mundo para nós.

NESTROVSKI, A. O samba mais bonito do mundo. In: Três canções de Tom Jobim. São Paulo: Cosac Naify, 2004.

Ao situar a composição no panorama cultural brasileiro, o Texto II destaca o(a)

A) diálogo que a letra da canção estabelece com diferentes tradições da cultura nacional.

B) singularidade com que o compositor converte referências eruditas em populares.

C) caráter inovador com que o compositor concebe o processo de criação artística.

D) relativização que a letra da canção promove na concepção tradicional de originalidade.

E) resgate que a letra da canção promove de obras pouco conhecidas pelo público no país.

COMPETÊNCIA DE ÁREA 6

Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva da realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação.

HB 18 – identificar os elementos que concorrem para a progressão e para a organização e estruturação de textos de diferentes gêneros e tipos.

Enem 2020 – Caderno 3 – Questão 13

Mulher tem coração clinicamente partido após morte de cachorro

Como explica o The New England Journal of Medicine, a paciente, chamada Joanie Simpson, tinha sinais de infarto, como dores no peito e pressão alta, e apresentava problemas nas artérias coronárias. Ao fazerem um ecocardiograma, os médicos encontraram o problema: cardiomiopatia de Takotsubo, conhecida como síndrome do coração partido.

Essa condição médica tipicamente acontece com mulheres em fase pós-menstrual e pode ser precedida por um evento muito estressante ou emotivo. Nesses casos, o coração apresenta um movimento discinético transitório da parede anterior do ventrículo esquerdo, com acentuação da cinética da base ventricular, de acordo com um artigo médico brasileiro que relata um caso semelhante. Simpson foi encaminhada para casa após dois dias e passou a tomar medicamentos regulares.

Ao Washington Post, ela contou que estava quase inconsolável após a perda do seu animal de estimação, um cão da raça yorkshire terrier. Recuperada após cerca de um ano, ela diz que não abrirá mão de ter um animal de estimação porque aprecia a companhia e o amor que os cachorros dão aos humanos. O caso aconteceu em Houston, nos Estados Unidos.

Disponível em: https://exame.abril.com.br. Acesso em: 1 dez. 2017.

Pelas características do texto lido, que trata das consequências da perda de um animal de estimação, considera-se que ele se enquadra no gênero

A) conto, pois exibe a história de vida de Joanie Simpson.

B) depoimento, pois expõe o sofrimento da dona do animal.

C) reportagem, pois discute cientificamente a cardiomiopatia.

D) relato, pois narra um fato estressante vivido pela paciente.

E) notícia, pois divulga fatos sobre a síndrome do coração partido.

HB 19 – Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações específicas de interlocução.

Enem 2020 - Caderno 3 - Questão 24

Vou-me embora p’ra Pasárgada foi o poema de mais longa gestação em toda a minha obra. Vi pela primeira vez esse nome Pasárgada quando tinha os meus dezesseis anos e foi num autor grego. [...] Esse nome de Pasárgada, que significa “campo dos persas” ou “tesouro dos persas”, suscitou na minha imaginação uma paisagem fabulosa, um país de delícias, como o de L’invitation au Voyage, de Baudelaire. Mais de vinte anos depois, quando eu morava só na minha casa da Rua do Curvelo, num momento de fundo desânimo, da mais aguda sensação de tudo o que eu não tinha feito em minha vida por motivo da doença, saltou-me de súbito do subconsciente este grito estapafúrdio: “Vou-me embora p’ra Pasárgada!” Senti na redondilha a primeira célula de um poema, e tentei realizá-lo, mas fracassei. Alguns anos depois, em idênticas circunstâncias de desalento e tédio, me ocorreu o mesmo desabafo de evasão da “vida besta”. Desta vez o poema saiu sem esforço como se já estivesse pronto dentro de mim. Gosto desse poema porque vejo nele, em escorço, toda a minha vida; [...] Não sou arquiteto, como meu pai desejava, não fiz nenhuma casa, mas reconstruí e “não de uma forma imperfeita neste mundo de aparências”, uma cidade ilustre, que hoje não é mais a Pasárgada de Ciro, e sim a “minha” Pasárgada.

BANDEIRA, M. Itinerário de Pasárgada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; Brasília: INL, 1984.

Os processos de interação comunicativa preveem a presença ativa de múltiplos elementos da comunicação, entre os quais se destacam as funções da linguagem. Nesse fragmento, a função da linguagem predominante é a

A) emotiva, porque o poeta expõe os sentimentos de angústia que o levaram à criação poética.

B) referencial, porque o texto informa sobre a origem do nome empregado em um famoso poema de Bandeira.

C) metalinguística, porque o poeta tece comentários sobre a gênese e o processo de escrita de um de seus poemas.

D) poética, porque o texto aborda os elementos estéticos de um dos poemas mais conhecidos de Bandeira.

E) apelativa, porque o poeta tenta convencer os leitores sobre sua dificuldade de compor um poema.


 

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