sexta-feira, 18 de abril de 2014

a arte cheia de si

Luzia:
Eu sou a Arte. Eu, que ponho a alma dos homens na ponta de uma caneta. Todos os mistérios, todos os encantos, todas as ciências são pó ao vento diante da ficção que se apropria da mente humana.
Eu que com letras tornei-me Palavra no campo da emoção. Uma possibilidade metalinguística-sensorial: a poesia, grau absoluto de beleza.

"Eu faço versos como quem chora
de desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre.
Deixando um acre sabor na boca.

Eu faço versos como quem morre."

A poesia é a BANDEIRA da humanidade por excelência.
Todos os tempos, todas as épocas estão respaldadas e marcadas por grandes mestres. DOSTÓIEVSKI, KAFKA, OSCAR WILDE, SHAKESPEARE, CAMÕES e tantos outros fizeram do homem um ser superior e assim puderam chorar alegrias de um "mar nunca antes navegado" e um amor que se eternizou na família dos Capuletos.
Não há o que dizer!... É indiscutível minha importância nas Civilizações. Eu sou a Arte; eu, a Literatura.
Natália:
Estás louca! Eu sou a Arte!... Ou melhor, sou Arte Pura. O que seria do texto sem o som? Barulho apenas. Um corpo sem alma e nada mais do que isso. O que seria o mundo sem Mozart, sem Bach, sem Beethoven? Sem a magia da Música o mundo seria um grande vazio com homens pela metade. A Pastoral estabeleu o conceito de existência para que os sonhos não dependessem do verbo dormir. Sonhar é próprio do ser humano, por isso o piano se tornou realidade, assim como a flauta que imita a cascata que desce da montanha.
Quando eu canto, existo na harmonia da natureza. Cantar é verbo da alma. Pureza feito notas para acender a vida. Quanto a isso, nem os pássaros se enganam.
Eu sou a Arte. Eu que sou capaz de despertar os sonhos mais nobres dos homens com acordes de mel. 
O amor só existe por causa da melodia!... O amor... O amor... L'Amour...
Lucinha:
Vocês estão fora de si! Eu sou a Arte!... Olhem para mim! Olhem para o meu rosto e jamais ousarão comparar-se a mim que existo deste que a luz projetou-se na tela do grande Gênio. A Arte existe deste que a cor traduziu meu sorriso e nada mais. O que pode nos encantar se não for pela visão? Os tempos poderão passar, mas eu jamais passarei porque existo para que todos saibam que o Belo habita uma tela. Inexplicavelmente humana. Enigmática e viva.
Os sentidos de Arte desabrocharam nas graças de minhas cores. Eu sou a Arte. Não sou filha de Zeus, meu pai é Da Vinci. Monalisa é meu nome.
                                             ***
                                                       Luzia Almeida

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