terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Madeira sem lei


           Três caminhões já haviam passado por isso havia muita poeira na estrada. Sentado no batente da porta com o pai, Antônio observava a tristeza dele. Havia silêncio naquele final de tarde, poeira e tristeza paterna.

Quando passou o quarto caminhão, o pai suspirou profundamente e Antônio perguntou:

- O que foi pai? Por quê o senhor está suspirando como se alguém tivesse morrido.

O pai olhou para o menino e disse:

- Digamos que cada árvore desta mata é uma pessoa. E cada tronco que passa no caminhão é nosso parente. Só hoje já perdemos quatro caminhões cheios...

Antônio disse:

- Então, pai, faça alguma coisa!...

O pai olhou tristemente para o filho e se lamentou:

- Fazer o quê, meu filho? Não me ensinaram a fazer nada... nem ler eu sei.

Antônio pensou "Eu já sei ler, mas ainda sou muito pequeno...".

Com o barulho do próximo caminhão que se aproximava, o pai disse:

- Vamos entrar, chega de tristeza por hoje.

Eles entraram e o caminhão passou deixando muita poeira no caminho.

Dentro de casa, o pai bebeu água, depois foi para o quintal porque estava fazendo muito calor e ele mesmo não aguentava o calor dos olhos de Antônio.

O quintal era mais que refúgio. O quintal era tudo o que o pai do menino tinha. E solidão. 

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