Três caminhões já haviam passado por isso havia muita poeira na estrada. Sentado no batente da porta com o pai, Antônio observava a tristeza dele. Havia silêncio naquele final de tarde, poeira e tristeza paterna.
Quando passou o quarto caminhão, o pai suspirou profundamente e Antônio perguntou:
- O que foi pai? Por quê o senhor está suspirando como se alguém tivesse morrido.
O pai olhou para o menino e disse:
- Digamos que cada árvore desta mata é uma pessoa. E cada tronco que passa no caminhão é nosso parente. Só hoje já perdemos quatro caminhões cheios...
Antônio disse:
- Então, pai, faça alguma coisa!...
O pai olhou tristemente para o filho e se lamentou:
- Fazer o quê, meu filho? Não me ensinaram a fazer nada... nem ler eu sei.
Antônio pensou "Eu já sei ler, mas ainda sou muito pequeno...".
Com o barulho do próximo caminhão que se aproximava, o pai disse:
- Vamos entrar, chega de tristeza por hoje.
Eles entraram e o caminhão passou deixando muita poeira no caminho.
Dentro de casa, o pai bebeu água, depois foi para o quintal porque estava fazendo muito calor e ele mesmo não aguentava o calor dos olhos de Antônio.
O quintal era mais que refúgio. O quintal era tudo o que o pai do menino tinha. E solidão.
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