segunda-feira, 4 de novembro de 2013

12. Procura-se Romeu

          (...)
          Eu amei ainda mais minha avó por isso e porque ela soube honrar meu avô, um homem que ela nem amava. Eu iria perguntar agora pelo poeta, mas a dor dela era visível.
          Quando o domingo chegou, minha avó chegou primeiro ao baú. Eu a vi com o velho caderno na mão e chorando o seu amor, o seu verdadeiro amor. Eu saí dali bem devagarinho porque a dor dela era insuportável pra mim que a amava tanto.
          Acho uma injustiça isso que fizeram com minha avó. Por isso resolvi procurar o poeta. Minha mãe disse que ele nunca casou. Que sempre viveu apaixonado por ela, compondo poemas. Mas já faz um tempo que ninguém tem notícias dele. Não me importo, vou procurá-lo. Vou trazê-lo de volta. E apesar da idade acho que eles têm o direito a esse encontro e são donos de suas vidas. No dia do encontro deles, farei minha avó muito bonita e darei a ela um vestido vermelho porque ela merece. Ah, ela merece.
                                              ***
                         Luzia Almeida. OS INESQUECÍVEIS. pag. 67
                                              ***
Este conto focaliza a história de uma mulher que foi impedida de casar com quem amava. Nesta época existia o famoso casamento arrumado e minha "Julieta" foi vítima de um casamento assim. Bom, o que fazer se não podemos casar com quem amamos? O que fazer se a vida da gente se faz muralha e nos impede de ver o arco-íris amoroso? O que fazer?!...
Conheci pessoas com esse problema e tenho comigo o vestido vermelho que seria da minha avó. Quem quer???
Abraços
Luzia Almeida

 

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