terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Girassóis para Lili

A enfermeira entrou no quarto e ficou olhando a mão que se movia delicadamente. Era sem dúvida a mão de um pintor. A mão de um grande artista.
Vincent não percebeu aquele olhar. Ela teve que fazer um pequeno barulho na maçaneta da porta.
Ele parou e timidamente voltou-se para vê-la. Conhecia seus barulhos.
Ela sorriu e ele aceitou aquele sorriso como uma promessa.
Agora eram amigos.
Ela disse com carinho:
-Está na hora do seu remédio.
Ele fez um quê de aborrecimento. Mas aceitaria de coração para não aborrecê-la. Tomaria o remédio, mesmo sem acreditar nos seus efeitos.
Ela sorriu de satisfação porque amava aquele homem e pensar na sua cura era seu sonho dourado.
Ela olhou o novo quadro que ele pintava e perguntou:
- Pra quem são?
Ele disse:
- O quê?!...
Ela insistiu:
- Para quem são os girassóis?
Ele disse "Ah!..." e ficou perdido no quadrado daquele quarto de sanatório.
A enfermeira ficou com ciúmes de uma possível mulher. "Que mulher seria?!..." Apenas seu irmão o visitava.
Ela perguntaria novamente, mas foi impedida com o sorriso que Vincent deixou escapar.
Era uma mulher. Havia brilho naqueles olhos azuis.
Ele falou baixinho:
- Ela bordará com imenso carinho estas flores. Não hoje!... Num tempo que chegará.
A enfermeira baixou os olhos para não encará-lo. Daria a vida por ele. Daria a vida para possuir aqueles girassóis, mas o que tinha além de seu trabalho? Apenas o consolo de sua presença. Da presença de um artista apaixonado. Não desistiria daquele amor porque amá-lo era seu curso de rio. Viveria para ele, mesmo que ele nem desconfiasse disso. Estavam distantes num tempo de amar, mas ela o amaria assim mesmo. 
Ele nunca saberia daquele amor, no entanto seria dela porque o amor os fazia possuídos.
Ela saiu para não chorar na presença dele.
Vincent voltou-se para o quadro e, parado diante de sua obra, deixou escapar dos lábios um nome. Um nome de mulher.
 ***
 Luzia Almeida                                                  
                                                     
 

O quadro de Van Gogh que a Lili bordou é, para mim, a mais bela expressão de amor... feita de traço em traço, de cor em cor. O amor que enlaça o tempo. Arte de dois corações que fazem da vida um motivo de paisagem.                   
                                                      
Hoje é o aniversário da minha irmã. E escrever alguma coisa pra ela tinha que ser urgente. Tinha que ser de amor e tinha que ter VAN GOGH. Acho que fiz tudo que estava no meu coração.  E tendo feito, aproveito para dizer do meu próprio amor por ela. Digo:
                                     Lili, eu te amo demais!
                                     Feliz Aniversário!...
      

Um comentário:

  1. Luzia... (emoção) sabes em quanto foi avaliado os girassóis de Van Gogh??? Pois é:100 MILHÓES DE DÓLARES!!Sabes quanto vale esse poema que fizeste para mim??? Não tem preço porque teu amor, tua pessoa e tuas palavras são únicas e incalculáveis. Dizer que é lindo, é pouco. É sublime, criativo e romântico.Obrigada minha irmã por presente tão singelo e impagável. Te amo também.

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