domingo, 2 de dezembro de 2012

Imago Dei

Uma ponte existe para nós.
Uma ponte é, antes de tudo, um elo.
Uma ponte existe
é de que precisamos!...
Nós que fomos criados imagem e semelhança.
Ponte, elo, ligamento:
PUREZA!
Mais que condução,
luz e sal
para que sejamos salvos do mundo, da cidade,
de nós mesmos.
Nós que somos terríveis.
Criamos nossas doutrinas de almanaque,
atalho dos Mandamentos
e nos acabamos.
Uma ponte existe
e é mais forte que o Sol.
É alva como a estrela da manhã.
Pura como o ar calmo destas chuvas
que se aproximam.
Chuvas de dezembro.
Bússola cristalina, norte eficaz:
Dormir sem remédios.
Deitar e dormir no século XXI: eis a questão
para todo aquele que tem sonho de não ser consumido.
Ei-la! 
Ponte estendida, curvada em dores.
Projeto celeste feito cidadão.  
Para nós
que somos absolutamente finitos. Eis o que somos:
Pó e cinza. Neblina e flor.
Somos tudo o que passa rapidamente.
Existência atravessada pelo tempo.

Uma ponte existe, única,
para que sejamos.
***
Luzia Almeida

Um comentário:

  1. Uma ponte, uma ligação. Algo que é um pouco dos dois lados, do humano e do divino, e que não é nenhum dos dois porque é ponte. Passagem possível? Barreira invisível? Tantas facetas de um mesmo elemento que se faz muitos. Infinito que macula o humano, que passa a ter inveja do que não morre, do que não passa. Ai se ela, a ponte, falasse, diria ela aos humanos quão grande é sua sorte! Pois só se valoriza o finito, o que se sabe que acaba e torna-se especial. Ai se eles soubessem quão enfadonho é o infinito. Monótono infinito. Diferente infinito. Sempre igual, sempre diferente, sempre cansativo pois é infinito!

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