segunda-feira, 21 de outubro de 2013

9. Dia Neutro

         (...) O coração abriga alegria e pranto e isto configura exatamente o princípio humano, a sua complexidade, o sentimento. O misto de alegria e tristeza bancado pela necessidade da emoção e da dor. Entende-se a alma humana. Mistério e devoção comungando efeitos opostos. Assim encontrava-se a felicidade e com ela a dor.
          Ela sabia disso e por isso chorava.
          (...)
          Ele pegou a mão dela e beijou. Beijou várias vezes a mão que o acariciava com seus escritos.
          Ela sorriu satisfeita. E encantada daquele amor disse:
          - Ontem sonhei contigo. Mas não era a tua imagem querida... Sabia que eras tu, mas não via o teu rosto.
          Ele sorriu e a abraçou. Ela disse:
          - Por favor, não me deixe. Eu morreria...
          Ficaram abraçados naquela aventura finita e passional.
          Ela era uma mulher poderosa, mas perto dele não passava de uma menina. Ele era louco por ela e, portanto, apenas um menino. Fingiam equilíbrio emocional naquele dia neutro feito pra eles.
          O sol ia sumindo. O dia acabaria. A noite era o último estágio e eles sabiam disso. Ela quis chorar, mas ele não deixou. Liberto da máscara, ele escndalizou ideias de bem querer:
          - Eu te adoro!
          Agora era o mar profundo nos olhos dela. 
          (...)
                                            *** 
           Luzia Almeida. OS INESQUECÍVEIS. pags. 58 e 59.

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