terça-feira, 22 de julho de 2014

Norte de Renato

          O artigo O apartheid mitigado apresentado na revista FILOSOFIA do mês de abril deste ano e escrito pelo professor e doutor RENATO NUNES BITTENCOURT traz a alegria de uma reflexão inteligente e atual sobre o consumismo.
          Começando com o título do artigo e seguindo com as ideias acompanhadas de teóricos como BAUMAN, Renato nos convida a perceber este mundo economicamente encantado chamado shopping center e considera questões de ordem profundamente humanas. Ele contrapõe as luzes das lojas e das vitrines nestes termos: 
          "Contudo, o silêncio heterônomo do grande templo do consumo não favorece a interiorização humana, não promove a meditação pessoal sobre o valor da vida; antes, serve como instrumento concentrador da consciência direcionada para os atos de consumo."  
          A sociedade vive ou "morre" uma dinâmica de consumo e este estilo de vida que pode também ser entendido como uma doutrina capitalista envolve-nos ao ponto de quase perder-nos. Mas, no meio do caminho somos achados pelo entendimento que nos mostra setas direcionadas - um norte - a partir de considerações existenciais capazes de inaugurar inferências verdadeiramente humanas. Inferências que implicam responsabilidades emocionais, racionais... Porque a mente humana é capaz de lucrar fora do shopping center e se estabelecer com um bem estar comparado ao do útero materno: com um bom livro por exemplo, com uma canoa num braço de rio, ou mesmo com um sorriso tipo abraço. O fato é que ao estudarmos as causas e as consequências do Capitalismo estamos SOBRE e não SOB manipulações. O entendimento é o norte crítico que nos faz ver nas entre-vitrines.
          Quando estudamos, analisamos ou pesquisamos somos senhores e definitamente estamos longe de uma passividade que nos faria rebanho manso. Somente com DESCARTES o sujeito cartesiano pode encarar um shopping center sem um tostão no bolso. Ou entrar e sair com todos os tostões e ainda assim SER FELIZ.


Um grande abraço.

Luzia Almeida   

         

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