sábado, 24 de novembro de 2012

O que é saudade? II

Já falei pra vocês do meu gato Max. Pois é!... Ele foi embora, e deixou uma imagem meio fantasmagórica e, por isso mesmo, FASCINANTE!...
Uma noite, isso era mais ou menos 1988...,
eu estava patetando olhando pra rua quando ele começou a miar nas minhas pernas, mas isso era costume dele. Às vezes eu deitava no sofá pra ver televisão e ele deitava no meu peito. E ficávamos assim.
Então,
eu estava patetando olhando pra rua e ele chegou e começou a miar, só que o miado foi se intensificando e eu comecei a temer. Entrei e ele foi atrás de mim. Pra onde eu ia ele, atrás de mim. E miando com insistência. Aí eu fiquei com medo mesmo!
O que é que o Max quer?!...
Ele queria parir. E eu não estava entendendo. O gato pedia socorro, o bichinho era virgem de parir e a única conhecida dele que poderia ajudá-lo era eu. Talvez até já houvesse um parentesco... Talvez eu fosse mais que uma conhecida. Sei que resolvi ajudá-lo:
Arrumei uma caixa de papelão e forrei com jornais velhos. E ele foi se aquietar para parir.
Foi uma gritaria!...
Foi uma gataria só!
Agora o Max era mãe e eu o perdia para sempre!...
O Max era mãe e eu o perdia porque não poderia competir com tantos gatinhos.
Saudade é bem maior quando desconhecemos suas causas. O meu gato tinha dupla identidade e como um espião fazia jogo duplo. Eu não deveria amá-lo tanto, uma vez que ele tinha parceiro ou parceiros. Eu não tinha ninguém e chorei demais quando ele partiu.
Se ele me amava de verdade... eu nunca vou saber!... Gatos são animais estranhos, talvez não cultivem sentimentos verdadeiros. Quanto a mim,
registro esta obrigação no meu blog, já que sou ainda fiel a ele mesmo sabendo que o Max não era gato era gata.
Minha fidelidade consiste em nunca mais ter gatos. 
Ficou Max para sempre.
É por isso que agora prefiro criar mangueiras.
***
LUZIA ALMEIDA

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