terça-feira, 13 de novembro de 2012

O que é saudade?

Eu pensei que com o passar do tempo ficaria fácil definir saudade!...
Nada fácil! Ficou mais difícil. Sim, porque o que era apenas saudade agora é nostalgia com uma pitada de angústia.
Então saudade é palavra tipo a essência da gente: demais complexa.
Deixa eu ver...
Antes eu tinha saudade de alguém. E eu dizia, por exemplo: tô com saudade da dona Luzia, ou de uma aluna, ou de um aluno... foram tantos alunos que marcaram a minha vida que chego a ser um mosaico furado de ausências sonoras e coloridas.
É isso: minhas saudades agoras são coloridas e... como é que eu vou dizer o que sinto... deixa eu ver... assim tipo uma coisa que é  muito difícil de definir. Por exemplo: eu tenho uma saudade seca, tenho uma saudade feliz, tenho uma saudade assustada, tenho uma saudade feito sonho de sábado ou véspera de Natal. Tenho saudade de varrer casa, de esperar o carteiro, tenho saudade de árvore, dos meus poemas que se perderam. 
Tenho saudades de ter 45 quilos e não saber o preço de nada.
Tenho saudade de uma amizade azul e de outra verde.
Tenho saudades do Rio. Das minhas amigas da UFF. Onde andarão: Luciana, Regina...
Saudade me faz esquecer o presente e se entro nesta canoa não volto mais. Porém volto. Volto sempre que o dia é hoje e vou já já mandar por email a aula de amanhã.
Tenho uma saudade branca. Meu gato Max que morreu quando eu estava em aula na Federal. Foi o Jorge (meu primo que me abraçou quando eu dobrei na rua de casa) que disse que tinha uma notícia pra mim)... Égua!
O Max era todo branco e só depois de muito tempo é que descobri que não era gato era gata. Foi o cara que estava consertando a geladeira que me disse. E quem disse que eu queria saber que não era gato, era gata. 
Ficou Max pra sempre.
Meu gato branco que foi embora e deixou meu coração esbandalhado.
Saudade do Jorge, meu primo, que partiu tão novo. A gente brincava de garrafão na rua. Ele me botava no colo e naquele tempo se tinha maldade eu não sabia. Saudade desse tempo bom. Que jamais voltará.
Saudade está ligada ao tempo e como somos vulneráveis, somos passíveis de esquecimento. É por isso que escrevo:
PARA NÃO SER ESQUECIDA!...
***
Luzia Almeida

Um comentário:

  1. Anna Layse Anglada Davis27 de novembro de 2012 às 06:48

    Amo seus textos, professora Luzia! Sempre amei! Este acima, então, é o que melhor pode definir o que sinto neste momento! Beijos da sua eterna aluna, Laysinha.

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