sábado, 7 de junho de 2014

Flores à Colasanti

Hoje eu acordei pensando na Marina,  na Colasanti. Uma alegria tão grande quase me confunde: é verdade mesmo? E uma vontade de tomar café com ela. Um café bem forte e cheiroso. Quem sabe um dia a gente não se encontra num desses hotéis da vida, num desses eventos literários brasileiros... Quem sabe?!...
Acordei feliz da vida por causa dessa maravilhosa escritora. Saber que ela está em Belém é SUPER!...
Ontem eu fiz um colar pra ela. Gostaram? Eu acho que o azul fica bem nela. Acho o azul uma cor maravilhosa assim como o vermelho que é minha cor favorita. Fiz um colar, mas não era suficiente, então eu pensei em flores... De manhã eu fui atrás das orquídeas no meu quintal. Coloquei o colar do lado delas e deu nisso que vocês estão vendo. Orquídeas, sempre orquídeas, outro dia a RAQUEL GUEIROS entrou na minha sala com orquídeas... eu fiquei maravilhada. Minha querida Raquel, meu amorzinho.
É isso...
Hoje vou conhecer uma das minhas escritoras preferidas, a Colasanti, e vou levar meus livros pra ela. Tomara que ela goste do meu TRAPICHE. Tomara que ela ache meu livro INESQUECÍVEL, porque eu amo tudo o que ela escreve. Ela é um verdadeiro talento! A Marina é incrível!...
Beijo pra vocês!...
Já sabem:
Hoje às 19h no Hangar, na XVIII Feira Pan-Amazônica do Livro: MARINA COLASANTI em pessoa.
                                 Beijos
                                            ***
                                                  Luzia Almeida

sábado, 31 de maio de 2014

O Abraço

Hoje, o meu dia está assim... LINDO!...
Porque hoje é dia de festa, quer dizer, é noite de festa, 
NOITE DE AUTÓGRAFO.
Se minha mãe estivesse aqui comigo eu diria a ela:
"Mãe, eu puxei pra senhora, eu amo Literatura".
Eu também diria: "Mãe, muito obrigada pelas leituras que a senhora me deu desce que eu era pequena, leituras com o Pato Donald, com o Tio Patinhas, com o Zé Carioca com toda essa galera que me fez amar as Letras. Mãe, muito obrigada pelo bê-a-ba que me fez hoje uma escritora no Hangar, na XVIII Feira Pan-Amazônica do Livro, eu... eu... que estudei a vida toda em escola pública (República de Portugal, Cornélio de Barros, Lauro Sodré, Pedro Amazonas Pedroso) e poucos livros tinha pra ler. Queria ler mais e não tinha livros, quem tinha era a Socorrinho e ela emprestava pra mim e pra Lili. Mãe, sem saber, a senhora formou muito mais que uma leitora, a senhora formou a escritora que chora de saudade da senhora que infelizmente não está mais aqui para que eu possa abraçá-la".
Não posso e isso arrebenta com o meu coração. E as lágrimas não dão conta de tanta solidão.
Gente, é isso!...
Toda vez que eu me apresento como escritora, eu fico nessa situação de abandono. Minha mão pega a caneta para autografar os livros, mas não pode mais alcançá-la. Não é fácil essa minha lida de escritora.
Mas...
Tenho muitos amores que me curtem. Vou abraçá-los hoje com muita alegria e satisfação.
Beijo pra vocês!...

Luzia Almeida

Hoje às 19h.
Hangar, na XVIII Feira Pan-Amazônica do Livro. 
NO ESTANDE DOS ESCRITORES PARAENSES.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Ethos Russo

"Todo ato de tomar a palavra implica a construção de uma imagem de si. Não é necessário que o locutor faça seu auto-retrato, detalhe suas qualidades nem mesmo fale explicitamente de si."
SEU ESTILO:
SUAS CRENÇAS IMPLÍCITAS:
 SUAS COMPETÊNCIAS LINGUÍSTICAS E LITERÁRIAS
 
     Quando penso em Dostoiévski quase sou feliz. Vê-lo?!... Seria a realização de um sonho... desses que guardamos apenas por teimosia, porque Dostoiévski é uma paisagem que faz com que a Terra seja um local habitável. E, sendo assim, posso caminhar na areia da praia esperando o entardecer sem pressa e sem medo.

     Quando leio Dostoiévski sou feliz porque o Sol deixou de ser uma ideia e passou a ser música que embala meus olhos. Sinestesia de vida. Sou feliz nesta condição humana que remete a conquistas seculares: mitos, mistérios, apropriações de sentidos que conjugados conspiram encantamentos em proporções gráficas lineares que percorro com os olhos numa audiência de páginas infinitas. Páginas, tantas páginas até encontrar Raskolnikov e, ao encontrá-lo, entendo a complexidade humana. Mosaico de beleza e dor. Fronteira entre razão e consciência: o crime na forma mais humana possível. Uma degradação quase aceitável nesta dialética russa capaz de me fazer esquecer o Brasil. Saudades da Rússia!...

     Quando leio Dostoiévski a metonímia abandona sua essência porque não substitui a Ponte que percorro com meu amado. Mãos dadas. São Petersburgo se tornou real, prende-me, acolhe-me. Metáfora verdadeira: sou platéia pura, toda crente, toda olhos, toda emoção. Frio que me aquece é puro paradoxo de identidade.

     O escritor não desmente sua natureza clássica. É nobre, é vivo e encanta muito além desta filosofia pós-moderna. Era fragmentada e torpe. Ele, na sua generosidade, deixou-me uma herança chamada Literatura. Aliança perfeita entre nós. 

     QUANDO é o que tenho hoje para abrigar os verbos pensar e ler. Quando penso em Dostoiévski corro e pego o livro. Ler é o que tenho. Ethos russo que me embriaga nesta cadência sonora. Sua presença é o próprio logos configurado em romance. Assim, é possível que uma lágrima seja testemunha dessa emoção chamada leitura: lógica de pathos. 

     Ler Dostoiévski é maior que a Terra e o Sol. É Metonímia de vida flagrada nestas linhas onde minha identidade se espalha. Ternura cognitiva.

     Quando penso, quando leio Dostoiévski: Existo!
    
                                                  Luzia Almeida

sábado, 17 de maio de 2014

2. O Ethos na Argumentação

     A unidade na obra Rétorica de Aristóteles parece problemática no momento em que sugere à Lógica e à Dialética - que tratam especificamente da argumentação e da persuasão - trata também de provas que fogem destes fatores, como o pathos (que se refere à plateia) e o ethos (que se refere ao orador).
     "o ethos ou caráter apropriado a cada tipo de discurso que o orador deve se preocupar em projetoar."
     "e o pathos, ou conjunto de emoções que o orador tenta suscitar em seu auditório."  
     O problema consiste a partir da ideia de que o ethos e o pathos não pertencerem à ordem argumentativa, porque são provas à parte do discurso. Como podemos notar, nem o ethos nem o pathos são constituidos por proposições (argumentos) ou crenças. Percebe-se assim que "não" participam do domínio argumentativo-cognitivo. Será? Vejamos:
                                       NÃO BEBA!
      Podemos considerar um homem que bebeu demais numa festa. Então um cavalheiro argumenta tentando convencê-lo racionalmente a parar de beber. O homem responde: "vou parar no próximo copo!". Essa resposta indica que houve um fracasso no logos (na argumentação) não produziu a ação desejada por razões independentes de sua força de persuasão. Mas, se considerarmos um cavalheiro com o caráter mais decidido ou com uma postura mais ameaçadora, poderemos conceber um outro resultado, um resultado satisfatório uma vez que a ordem estaria pautada principalmente em quem(ethos) diz e como(pathos) diz e não apenas o que se diz (logos). Nesse sentido, podemos afirmar que a argumentação fracassou. E o ethos que é a prova do orador poderia apresentar resultado positivo.
     Um outro exemplo pode ser apresentado para pensarmos na capacidade que o ser humano tem de convencer pessoas de seus sentimentos. Dizer "eu te amo" é prático, mas não brinca com as ideias e não cria imagens. O importante é a imagem do amor que pode ser representada a partir do discurso. Uma imagem de quem ama capturada no logos. Então vejamos: 
                               HAIDY IN CONCERT 
 Definir uma rosa
não seria uma coisa simples,
porque uma rosa é muito mais que uma flor.
E uma pessoa, então!...
Definir uma pessoa que nasceu feito música
e em si congrega ainda a criança-flor
é extremamente difícil,
mas, ainda assim, 
vou tentar definir minha amiga Haidy
aproveitando estes elementos.
Talvez eu consiga traduzir 
o sentimento que me ocorre.
Vejamos uma criança:
Pense numa criança
lançando muitas rosas vermelhas ao espaço,
depois pense nestas rosas vermelhas
 se transformando 
em borboletas azuis.
Estas borboletas podem subir muito alto 
mas não podem passar das nuvens
pois ao alcançá-las se transformam em notas musicais.
Pronto!
Um concerto de sorrisos. 
Música red-blue para quem ama.
As nuvens podem comportar tanta sonoridade,
mas de repente arrebenta-se uma saudade da criança
que ficou olhando pro céu.
 Isso!...
A Haidy 
é este pensamento de retorno
 aos braços da criança.
***
MUITO OBRIGADA!...

quinta-feira, 15 de maio de 2014

1. Ethos Aristotélico

 
     1. O ethos aristotélico

     A obra de Aristóteles conhecida como Ética a Nicômaco apresenta a FELICIDADE a partir de uma noção moral ou ética daí o termo ETHOS:
 "Em sendo a virtude de duas espécies: uma dianoética e outra ética; a dianoética, ademais se gera e acresce por via do ensinamento, e nem por isso necessita de experiência e de tempo; ao invés, a virtude ética provém do hábito (ethos: donde também o seu nome). 
      O Discurso apresenta três provas de sua confiabilidade: logos, pathos e ethos. O Ethos é considerado por Aristóteles como a frente mais importante:
      *Logos: o uso da razão e do raciocínio, quer indutivo ou dedutivo, para a construção de um argumento. Os apelos ao logos incluem recorrer à objetividade, estatística, matemática, lógica (por exemplo, quando um anúncio afirma que o seu produto é 37% mais eficaz do que a concorrência, está fazendo um apelo lógico); o raciocínio indutivo utiliza exemplos (históricos, míticos ou hipotéticos) para tirar conclusões; o raciocínio dedutivo usa geralmente proposições aceites para extrair conclusões específicas. Argumentos logicamente inconsistentes ou enganadores chamam-se falácias. 
     *Pathos: o uso de apelos emocionais para alterar o julgamento do público. Pode ser feito através de metáforas e outras figuras de retórica, da amplificação, ao contar uma história ou apresentar o tema de uma forma que evoca fortes emoções na platéia. Nas campanhas políticas pode-se perceber nos abraços dos políticos, nos apertos de mãos, nos sorrisos quando os políticos em campanha fazem gravações com o povo e assim procuram apresentar uma imagem simples de homem comum que se identifica com o povo.
     *Ethos: é a forma como o orador convence o público de que está qualificado para falar sobre o assunto, como o seu caráter ou autoridade podem influenciar a audiência. Pode ser feito de várias maneiras: por ser uma figura notável no domínio em causa ou por ser relacionado com o tema em questão.                         
       "Para Aristóteles, como para toda Antiguidade, os temas e o estilo escolhidos devem ser apropriados ao ethos do orador, a saber, ao seu tipo social."

      "De acordo com Heine (2011), o pensamento romano baseava-se nas ideias de Quintiliano e Cícero, famosos oradores da época, para os quais a reputação de um homem pesa mais do que suas palavras. No entanto, conforme a autora, é o pensamento grego e não o romano que lança as bases para a construção teórica da noção de ethos nos estudos linguísticos.                     
     "Entretanto como o ethos é mostrado no discurso? Dissemos é o segundo critério - que se mostra nas escolhas efetuadas pelo orador. Para Dominique Maingueneau, essas escolhas dizem respeito sobretudo à sua "maneira de se exprimir", portanto, ao plano da expressão."

     Os oradores inspiram confiança:
     (a) se seus argumentos e conselhos são sábios e razoáveis,
     (b) se argumentam honesta e sinceramente, e
     (c) se são solidários e amáveis com seus ouvintes.

     As três razões para inspirar confiança e suas traduções:
a) phrónesis - phrónimos
    razão - razoável
b) areté - epieikés/spoudaios
    virtude - honesto/sincero
c) eúnoia - eúnous
    benevolência - solidário

A virtude é definida na Ética a Nicômaco, como uma 
                              JUSTA MEDIDA
covardia               coragem                     temeridade
avareza                generosidade             prodigalidade
E(1)                       M                                E(2)
falta                      meio                           excesso
                             virtude

2. O ethos diante do logos e do pathos

     "O ethos constitui praticamente a mais importante das provas" do discurso.
     Aristóteles introduz as três "peças de convicção" a partir de um triângulo pragmático em que distingue o orador, o ouvinte e o discurso:
     "As provas fornecidas pelo discurso são de três espécies: a primeira encontra-se no ethos do orador, a segunda, no fato de colocar o ouvinte em certa disposição, a terceira, no próprio discurso (logos), uma vez que ele demonstra ou parece demonstrar."

     Aristóteles pode dizer que a retórica é uma espécie de "ramificaçãoda dialética e da ética", o que leva a distinguir dois blocos de convicção:
LOGOS                            ETHOS
inferencial          habitus-virtude-caráter
raciocínio                        PATHOS
argumentação               paixão, afeto 

3. O ethos na pragmática moderna

     O ethos como problemática e campo de pesquisa específicos está praticamente ausente da pragmática linguística. 
   
 

quinta-feira, 24 de abril de 2014

a arte fora de si

Olhei-me no espelho e descobri que havia perdido o rosto. O meu rosto feminino. O que fazer agora com este rosto masculino e desesperado. Correr? Correr pra onde com estas ondas imagéticas a atormentar-me? Gritar pra quê? Apenas sons roucos perdidos na garganta feito ideias pseudo-místicas contemplam minha insanidade.
Gritaria por um conceito definido. 
Correria atrás de uma definição, mas sem meu rosto como achar a fonte do que é legítimo?!...
Gritar, verbo despido de vergonha.
Correr e gritar nesta era de angústias contemporâneas que arrebenta identidades.
O que eu sou?
Pra quê existo sem rosto?
Minha identidade perde-se neste mar profundo, solidão. 
Ah!... Que saudade dos Mecenas!... Bom tempo de muita paz!...
Ah! Meu peito arrebenta-se nesta aquarela de existir. Mosaico torpe sem luz: existir ou não? Eis a questão!...
Vontade de nascer mil vezes repartindo o tempo sem as marcas da razão.
Tempo e razão me coroaram num passado distante.
Hoje, sem meu rosto, perco-me como uma meretriz. Beira de estrada. Identidade coberta de tanta poeira.
Ficou apenas o dinheiro a olhar-me com desprezo.
E eu, perdida para sempre, acho-me neste campo de concentração, último estágio do poder.
Eu era a Arte, agora não tenho orelha.
                                             ***
                                              Luzia Almeida

sexta-feira, 18 de abril de 2014

a arte cheia de si

Luzia:
Eu sou a Arte. Eu, que ponho a alma dos homens na ponta de uma caneta. Todos os mistérios, todos os encantos, todas as ciências são pó ao vento diante da ficção que se apropria da mente humana.
Eu que com letras tornei-me Palavra no campo da emoção. Uma possibilidade metalinguística-sensorial: a poesia, grau absoluto de beleza.

"Eu faço versos como quem chora
de desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre.
Deixando um acre sabor na boca.

Eu faço versos como quem morre."

A poesia é a BANDEIRA da humanidade por excelência.
Todos os tempos, todas as épocas estão respaldadas e marcadas por grandes mestres. DOSTÓIEVSKI, KAFKA, OSCAR WILDE, SHAKESPEARE, CAMÕES e tantos outros fizeram do homem um ser superior e assim puderam chorar alegrias de um "mar nunca antes navegado" e um amor que se eternizou na família dos Capuletos.
Não há o que dizer!... É indiscutível minha importância nas Civilizações. Eu sou a Arte; eu, a Literatura.
Natália:
Estás louca! Eu sou a Arte!... Ou melhor, sou Arte Pura. O que seria do texto sem o som? Barulho apenas. Um corpo sem alma e nada mais do que isso. O que seria o mundo sem Mozart, sem Bach, sem Beethoven? Sem a magia da Música o mundo seria um grande vazio com homens pela metade. A Pastoral estabeleu o conceito de existência para que os sonhos não dependessem do verbo dormir. Sonhar é próprio do ser humano, por isso o piano se tornou realidade, assim como a flauta que imita a cascata que desce da montanha.
Quando eu canto, existo na harmonia da natureza. Cantar é verbo da alma. Pureza feito notas para acender a vida. Quanto a isso, nem os pássaros se enganam.
Eu sou a Arte. Eu que sou capaz de despertar os sonhos mais nobres dos homens com acordes de mel. 
O amor só existe por causa da melodia!... O amor... O amor... L'Amour...
Lucinha:
Vocês estão fora de si! Eu sou a Arte!... Olhem para mim! Olhem para o meu rosto e jamais ousarão comparar-se a mim que existo deste que a luz projetou-se na tela do grande Gênio. A Arte existe deste que a cor traduziu meu sorriso e nada mais. O que pode nos encantar se não for pela visão? Os tempos poderão passar, mas eu jamais passarei porque existo para que todos saibam que o Belo habita uma tela. Inexplicavelmente humana. Enigmática e viva.
Os sentidos de Arte desabrocharam nas graças de minhas cores. Eu sou a Arte. Não sou filha de Zeus, meu pai é Da Vinci. Monalisa é meu nome.
                                             ***
                                                       Luzia Almeida